Parlamentares brasileiros defendem manutenção de asilo a Roger Pinto
Parlamentares brasileiros do PPS e do PP vieram a público nesta segunda-feira (26) defender a vinda do senador boliviano Roger Pinto Molina ao Brasil. Molina estava asilado na embaixada brasileira em La Paz, na Bolívia, e foi trazido ao Brasil neste final de semana, em uma operação da qual o Itamaraty informou não ter conhecimento.
Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto
28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Sabóia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Sabóia chegam a Brasília
"O Partido Popular Socialista (PPS) avalia que o governo brasileiro deve manter o asilo que concedeu ao senador da Bolívia Roger Pinto Molina e entende que, embora a forma como ele deixou seu país e foi trazido para o Brasil deva ser esclarecida, o diplomata Eduardo Saboia agiu dentro da premissa da solidariedade humanitária e preocupado com a saúde do senador", disse o deputado Roberto Freire (SP), em nota. "O problema já poderia estar resolvido se o governo da Bolívia não tivesse, de forma abusiva, negado salvo-conduto ao senador nos termos dos tratados internacionais sobre asilo."
Em discurno no plenário, a senadora Ana Amélia (PP-RS) afirmou que o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que participou da operação, “agiu muito bem”. Foi um ato, no meu juízo, de bom senso, já que não há uma solução adequada do ponto de vista diplomático."
"Quando você está no limite entre a vida ou a morte, as questões de convenções internacionais, de acordos bilaterais, da reciprocidade bilateral têm que ser avaliadas em segundo plano porque está em causa a vida, a vida humana. E não discuto se é amigo, se é inimigo de quem quer seja. É uma pessoa, um ser humano", afirmou.
Viagem de 22 horas
Segundo o senador brasileiro Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Pinto viajou 22 horas entre La Paz e Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em um automóvel da embaixada, escoltado por fuzileiros navais e policiais federais do Brasil. De Corumbá, Pinto seguiu em um avião fretado para Brasília, onde chegou na madrugada de domingo.
Neste domingo, Roger Pinto disse que quer reconstruir a vida no Brasil.
Itamaraty abre inquérito
Mais cedo. o Ministério das Relações Exteriores informou que não tinha conhecimentos da chegada de Pinto ao Brasil. Em nota, o órgão disse ainda que vai abrir um inquérito para apurar o caso.
Quem é o senador Roger Pinto Molina
Idade: 53 anos
Região da Bolívia: eleito pela província de Pando, no norte do país
Partido: Convergência Nacional (oposição ao governo Evo Morales)
Acusações: Assassinato de camponeses em 2008; desacato ao presidente Evo; desacato à ministra da Transparência e Anticorrupção; dano ambiental; corrupção e desvios na Zona Franca de Cobija, entre outros
Defesa: O senador nega os desvios em Cobija e diz ser perseguido pelo governo de Evo Morales
Na mesma nota. o Itamaraty relatou que foi informado do desembarque de Pinto no sábado (24), mesma data do ingresso do político em território brasileiro. O ministério disse também que convocou Saboia para prestar esclarecimentos.
Senador é acusado de corrupção
Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz em 28 de maio de 2012. Após dez dias de ser recebido na embaixada, o governo brasileiro concedeu ao senador o status de asilado político.
Em junho, o político foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano, que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse dias depois que o governo da presidente Dilma Rousseff "garantia" a segurança do senador boliviano.
Ao desembarcar em Brasília, Pinto agradeceu às autoridades brasileiras, mas evitou comentar a sua vinda ao país sem o salvo-conduto do governo boliviano, que seria necessário para a viagem. "Devo agradecer uma vez mais a todo o Brasil e as suas autoridades. (...) Em um momento oportuno, uma vez que conheço a decisão das autoridades, poderei me pronunciar mais."
O chanceler também explicou que o governo prosseguia com negociações "confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar solucionar a situação. (Com agências internacionais)
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