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Taleban assume ataque contra aeroporto paquistanês que deixou 28 mortos

Agente de segurança age durante ataque ao aeroporto - Shahzaib Akber/EPA/EFE
Agente de segurança age durante ataque ao aeroporto Imagem: Shahzaib Akber/EPA/EFE

Do UOL, em São Paulo

09/06/2014 09h24

A milícia islâmica Taleban do Paquistão (TTP) assumiu nesta segunda-feira (9) a autoria do ataque ao principal aeroporto de Karachi, realizado na noite de domingo.

"Realizamos o ataque contra o aeroporto para vingar a morte de Hakimulla Mehsud [antigo chefe do TTP]", disse o porta-voz do grupo, Shahidulla Shahid.

Mehsud morreu em novembro do ano passado por um disparo de um drone dos Estados Unidos em zonas tribais do noroeste do Paquistão.

Os combates entre os rebeldes e o Exército no Aeroporto Internacional de Jinnah duraram seis horas, informaram as autoridades, e deixaram 28 mortos, entre eles 10 militantes.

Um agente da delegacia próxima ao aeroporto internacional de Karachi, no sul do Paquistão, afirmou pouco antes do meio-dia local que foi abatido o último dos 13 agressores que atacaram o recinto e provocaram a morte de outras 17 pessoas.

"Zona liberada. Nenhum dano aos aviões. O incêndio visto em imagens foi extinto, mas se tratava de um prédio, e não de um avião. Todas as atividades vitais do aeroporto estão intactas", declarou o porta-voz do Exército, Asim Bajwa.

Funcionários informaram que dez terroristas foram mortos e outras onze pessoas morreram na ação, incluindo pessoal da segurança do aeroporto e dois civis.

Entre os mortos estão três membros das Forças de Segurança do Aeroporto (ASF) e dois funcionários da companhia Pakistan International Airlines, segundo um oficial de Inteligência e a médica Seemi Khamali, que dirige o principal centro médico da cidade, o Hospital Jinnah.

O oficial de Inteligência, que pediu para ter a identidade preservada, disse que o ataque envolveu mais de doze homens, fortemente armados com fuzis de assalto e explosivos, que estavam vestidos com uniformes da guarda aeroportuária. Eles invadiram o local, abriram fogo e começaram a lançar granadas. Ao menos um suicida teria detonado explosivos que levava no próprio corpo.

Duas fortes explosões sacudiram o aeroporto em meio ao ataque. O porta-voz do Exército informou que "todos os passageiros foram evacuados", e o funcionário da autoridade de aviação civil, Abid Qaimkhani, relatou a suspensão de todos os voos.

Um oficial do Exército, que se identificou como coronel Nayer, disse que "entre quatro e cinco terroristas conseguiram chegar às pistas do aeroporto". Estavam "fortemente armados, com muita munição e granadas".

Segundo as primeiras informações, os agressores entraram no Aeroporto Internacional Jinnah por ao menos dois pontos, cortando uma grade que protegia o antigo terminal, que não é mais utilizado pelos passageiros, mas ainda abriga escritórios, hangares e oficinas.

Três pessoas haviam se entrincheirado em um hangar da companhia aérea local Shaheen e, enquanto dois deles se imolaram com cargas explosivas, o terceiro continuou disparando até ser morto pelas forças de segurança.

O ataque ao aeroporto praticamente acaba com a perspectiva de conversas de paz entre o Taleban paquistanês e o governo do primeiro-ministro Nawaz Sharif.

Histórico de ataques

O Paquistão é sacudido, há mais de uma década, por uma revolta islâmica que já deixou milhares de mortos. Em 2011, um grupo islâmico atacou a base naval de Karachi, no principal porto do país, matando dez pessoas e destruindo dois aviões Orion de fabricação americana, em uma ação que durou mais de 17 horas.

Na província do Baluchistão, no sudoeste do país, outros dois ataques neste domingo mataram 23 pessoas, a maioria peregrinos xiitas. A ação visou dois restaurantes frequentados por membros da minoria xiita em Taftan, na zona da fronteira com o Irã.

Segundo Akbar Durrani, ministro do Interior do Baluchistão, quatro homens com explosivos no corpo e fuzis atacaram dois restaurantes onde se encontravam cerca de 300 peregrinos xiitas, procedentes de diversas regiões do Paquistão.

O Baluchistão, na fronteira com Irã e Afeganistão, é palco de repetidos atos de violência, incluindo atentados contra a minoria xiita, que representa 20% da população paquistanesa. (Com agências internacionais)