Professores do PR não esquecerão tiranias deste governo insano
A Assembleia Legislativa do Paraná e os arredores amanheceram fortemente cercados por policiais militares no dia 27 de abril, isso por conta de um interdito proibitório conseguido pela presidência da Assembleia, que impedia as pessoas de entrarem e assistirem a sessão daquele dia. Tal sessão iniciaria a discussão do projeto de lei 2552/2015 que alterou o regime previdenciário público no Estado do Paraná.
No interior da Assembleia havia um contingente da tropa de choque fortemente armado e cães ocupavam as galerias. Calcula-se algo em torno de 4500 policiais nos arredores e dentro da Assembleia.
Essa ação jamais vista, de ocupação policial de um espaço público, trazia o evidente recado de que não haveria espaço para a negociação e apontava para um cenário de violência, enquamto o que se esperava de legisladores eleitos pelo povo era o diálogo.
Durante os dias 27 e 28, em que seguiu a discussão do projeto de lei, houve alguns confrontos com a policia. No dia 28 a tropa de choque avançou sobre os manifestantes, jogando jatos de água e bombas de efeitos moral. Spray de pimenta também foi usado contra os que se manifestavam.
Esse cenário foi um prenúncio da barbárie que o país assistiria horas depois. Esse fato, por si só, já poderia ter sido suficiente para que o bom senso do governador e do presidente da Assembleia Legislativa fossem alertados. Mas não há bom senso quando a tirania e a soberba imperam.
Quarta feira (29), um dia cinza, característico de Curitiba, foi o dia da barbárie. Aos poucos, a praça Nossa Senhora da Salete foi ocupada por mais de 25 mil manifestantes. Não só funcionários públicos estavam lá, estudantes e membros da comunidade também se solidarizaram com o movimento.
Dentro da Assembleia, os deputados iniciavam a sessão, protagonizando um farsesco teatro da normalidade, mesmo com insistência de alguns deputados da oposição para o cancelamento da sessão.
Enquanto isso, no Centro Cívico, o batalhão de choque "partiu para cima" dos manifestantes. Durante duas horas, bombas surgiram às centenas e de vários lugares. Tiros eram dados para todos os lados e a maioria acertava as pessoas da cintura para cima, como ombros, cabeça, olhos. Correria, medo, agitação e a fumaça das bombas intoxicando os manifestantes.
O local virou uma praça de guerra sem que os manifestante tivessem qualquer arma para se proteger a não ser a resistência pacífica. Um deputado e um jornalista foram atacados por cães na rampa externa que dá acesso ao plenário da Assembleia. As cenas que mostram claramente a barbárie puderam ser assistidas por milhares de pessoas não só no Paraná, mas também no Brasil e no mundo.
Mais de duzentos feridos foram atendidos de forma precária dentro da prefeitura. Alguns manifestantes feridos ficaram jogados na rua, porque o batalhão de choque não permitiu que fossem socorridos.
É inadmissível que, em pleno estado democrático de direito, cenas como estas aconteçam. É inadmissível que governo e legisladores eleitos democraticamente portem-se como ditadores e façam uso de ações violentas para impedir a população de acompanhar as decisões parlamentares.
É inadmissível que profissionais da educação na luta pela defesa legítima de seus direitos sejam tratados como “baderneiros”, como disse o governador Beto Richa (PSDB), e violentamente agredidos pela força policial.
O que assistimos no dia 29 de abril foge a qualquer explicação ou análise política e beira a insanidade. O que o governador Beto Richa, o secretário de segurança Fernando Francischini, o deputado Traiano e o poder judiciário fizeram em conluio, jogar policiais da tropa de choque contra o funcionalismo público, é coisa do tempo da ditadura.
A história que se fez dia 29, de um jeito torto, desumano e arbitrário, jamais será esquecida pelos trabalhadores da educação do Paraná. Para nós, o dia 29 que representa luto também representa resistência, e será memória para que não esqueçamos jamais de um governo insano e suas tiranias.
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