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MPF diz que Casa Civil negou acesso à sindicância de Rosemary Noronha

Rosemary Noronha, ex-assessora de Luiz Inácio Lula da Silva no gabinete da Presidência em São Paulo - Julia Moraes/Folhapress
Rosemary Noronha, ex-assessora de Luiz Inácio Lula da Silva no gabinete da Presidência em São Paulo Imagem: Julia Moraes/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

21/05/2013 15h00

O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF), em nota divulgada nesta terça-feira (21), afirma que a Casa Civil da Presidência da República negou acesso à sindicância aberta para apurar a conduta de Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo.

Rosemary é investigada pelo MPF, que, segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, já tem elementos para acusá-la por tráfico de influência na área cível. Ela deve ser alvo de uma ação de improbidade administrativa por ter usado o cargo que ocupava para ajudar o ex-senador Gilberto Miranda a obter licenças para usar duas ilhas no litoral de São Paulo, segundo apontam as investigações da Operação Porto Seguro da Polícia Federal e do MPF.

A ex-chefe do gabinete da Presidência também é ré na Justiça criminal, onde responde a um processo por falsidade ideológica, corrupção passiva, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito e tráfico de influência.

Na nota divulgada hoje, o MPF afirma que o procurador da República José Roberto Oliveira enviou, em 24 de abril, ofício ao atual chefe de gabinete pedindo uma cópia da sindicância.

Segundo a Procuradoria, a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil respondeu ao pedido e argumentou não ter competência para prestar a informação requisitada. O órgão teria dito ainda que o pedido deveria ter sido feito pelo Procurador-Geral da República.

O MPF afirma que a cópia da sindicância deveria ter sido enviada porque a apuração interna teria concluído que Rosemary cometeu ato ilícito, o que estaria previsto no artigo 154 da Lei 8.112/90.

A reportagem procurou a Casa Civil, que informou que se posicionará oficialmente a respeito da nota divulgada pelo MPF. De acordo com a assessoria da Casa Civil, a sindicância já foi concluída pelo órgão, mas foi enviada para a Controladoria Geral da União (CGU) para ser avaliada.

A Casa Civil diz que, enquanto a CGU não der o parecer sobre a sindicância, o relatório é sigiloso.

O MPF diz que tomou ciência da conclusão da sindicância por meio de informações veiculadas na imprensa e que tomará as “providências cabíveis” para ter acesso ao documento.

A Procuradoria afirma ainda que, no ofício, pediu para que a Casa Civil esclarecesse as razões do não compartilhamento do relatório da sindicância e que, caso houvesse razões para restringir o acesso ao documento, que estas fossem explicitadas pelo órgão.

Além de Rosemary, outras 23 pessoas foram denunciadas criminalmente por suposto envolvimento com a organização investigada na Operação Porto Seguro.

No último dia 13, a Justiça federal bloqueou R$ 19 milhões em bens pertencentes a dez funcionários públicos investigados. 

Eles são acusados de ter fraudado pareceres para beneficiar o empresário César Floriano na exploração de um terminal no porto de Santos, o Tecondi. O terminal foi vendido por Floriano no ano passado por R$ 1,3 bilhão.

Gilberto Carvalho vai ao Senado 

Na última sexta-feira (17), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que comparecerá ao Senado para prestar esclarecimentos sobre as acusações de que a pasta teria tentado impedir a realização da sindicância instalada para investigar Rosemary.

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado aprovou na última terça-feira (14) o pedido de esclarecimentos. O ministro classificou o pedido como "absolutamente natural" e se disse "absolutamente confortável", sobretudo por considerar seu depoimento uma oportunidade de "esclarecer informações" referentes a uma "matéria irresponsável" publicada na imprensa. A data será agendada oportunamente, informou.

"Estou absolutamente confortável e tenho certeza de que esse diálogo vai de uma vez por todas esclarecer e romper com uma prática infelizmente adotada em alguns veículos de imprensa que, primeiro têm uma tese, e depois querem fazer a realidade se adequar àquela tese", afirmou Carvalho.

O ministro disse ainda que o órgão da Secretaria-Geral responsável por fazer o acompanhamento da sindicância solicitada pela Casa Civil sobre o episódio "apenas cumpriu seu papel de correição". "Exatamente de zelar para que o processo instalado corretamente na Casa Civil fosse feito de modo a não oferecer alternativas que depois sejam contestadas na Justiça. Foi essa a nossa única e exclusiva preocupação e a única ordem da presidente Dilma", afirmou.

Gilberto Carvalho disse que a orientação do governo é para que "as coisas sejam feitas no nosso governo com muita correção com muita legitimidade", segundo ele, existente desde o mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Nesse governo quem não quer ser investigado, que não erre, porque não tem hipótese de não ser investigado quem cometer erro, prática que infelizmente não havia no passado", afirmou. (Com Valor)