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Não podemos julgar empresas da Lava Jato, diz presidente do BNDES à CPI

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

27/08/2015 11h31Atualizada em 27/08/2015 11h53

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira (27) que o banco não pode “julgar” as empresas da Lava Jato antes da Justiça. A declaração foi feita durante o depoimento de Coutinho à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga empréstimos concedidos pelo banco estatal durante os governos do PT. “Até que as empresas sejam julgadas e tenham seu direito de defesa, sejam condenadas e eventualmente, venham a ser declaradas inidôneas, não podemos julgar inidônea antes que a Justiça o faça”, afirmou Coutinho.

A declaração foi feita após uma pergunta do deputado Miguel Haddad (PSDB-SP) sobre como estavam as transações entre o banco e as empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato, que apura irregularidades em contratos da Petrobras. Empresas como a Odebrecht, Camargo Correa e OAS estão entre as principais tomadoras de empréstimos do banco.

Coutinho disse que, apesar de não poder impedir que o banco tenha transações com empresas investigadas pela Lava Jato apenas por estarem sob investigação, o banco adotou procedimentos para reavaliar o rating (classificação) das empresas após as revelações da operação. “O banco adotou um procedimento de grande cautela dentro da lei. Primeiro, reexaminando as condições de 'rating' e capacidade econômico-financeira”, afirmou Coutinho.

Ele disse que, em alguns casos, dificuldades financeiras enfrentadas por algumas das empresas investigadas podem impedir o banco de operar com elas. “Em alguns casos, a deterioração econômico-financeira impede, por razões de prudência bancária, que a gente opere com elas”, disse.

Coutinho assumiu a presidência do BNDES em abril de 2007, ainda durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e foi mantido por Dilma Roussef (PT) no cargo desde 2011.

Relação de Lula com Odebrecht

Questionado sobre as gravações nas quais o ex-presidente Lula aparece conversando com o executivo da Odebrecht Alexandrino de Salles Ramos Alencar, preso pela operação Lava Jato em junho deste ano, Coutinho disse que não poderia responder pelo ex-presidente. “Eu creio que ele explicou ou veio a público para comentar esse evento e não me cabe responder em nome do presidente”, afirmou. 

Coutinho disse também que os patrocínios do BNDES a movimentos sociais não são concedidos com base em parâmetros ideológicos. “Não fazemos um controle ideológico desses apoios e esses apoios são republicanamente distribuídos, amplamente contemplando todos os segmentos, principalmente os segmentos empresariais. Não há motivação política e ideológica nesses patrocínios a eventos”, afirmou.

O patrocínio de movimentos sociais feito pelo BNDES chamou atenção no início do mês durante a 5ª Marcha das Margaridas em Brasília. O evento, patrocinado pelo banco e pela estatal Itaipu Binacional, reúne líderes e militantes de movimentos agrários de todo o país. O evento foi considerado uma manifestação de apoio à presidente Dilma e ao ex-presidente Lula, que discursaram para os militantes.