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Dilma chama grampo de agressão à democracia e diz que vai investigar

Em grampos, Lula critica Dilma e Janot; ouça trechos

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

17/03/2016 11h27Atualizada em 17/03/2016 17h35

A presidente Dilma Rousseff declarou nesta quinta-feira (17) que a interceptação e divulgação de uma conversa que ela teve por telefone com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma "agressão à democracia" e afirmou que o caso será investigado.

"Nós estamos diante de um fato grave, uma agressão não à minha pessoa, mas à cidadania, à democracia e à nossa Constituição", disse Dilma durante cerimônia de posse de Lula como ministro da Casa Civil e também de outros três ministros, na manhã de hoje em Brasília. "Se se fere prerrogativas da presidente da República, o que farão com prerrogativas dos cidadãos?", questionou.

Dilma fez duras críticas à condução da Operação Lava Jato, que investiga um grande esquema de corrupção na Petrobras. "Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, de dados escusos, de práticas criticáveis viola princípios e garantias constitucionais, os direitos dos cidadãos e abre precedentes gravíssimos", disse. E acrescentou: "os golpes começam assim".

A presidente informou que o caso será apurado. "Estaremos avaliando as condições desse grampo que envolve a Presidência da República. Nós queremos saber quem o autorizou, por que o autorizou e por que foi divulgado quando não continha nada, eu repito, nada que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano", falou. 

No início do discurso da presidente, assim que Dilma falou "bom dia", o deputado federal Major Olimpio gritou "vergonha", gerando revolta entre os presentes, que responderam com "não vai ter golpe". O deputado acabou sendo retirado do local.

Deputado grita 'vergonha' na posse de Lula como ministro

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Posse suspensa

O juiz federal Itagiba Catta Preta Neto concedeu liminar na manhã de hoje que suspende a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. A decisão acolhe denúncia em ação popular protocolada na vara federal do Distrito Federal, contra o governo federal, por crime de responsabilidade.

Mais cedo, a juíza da 22ª Vara Federal do Distrito Federal, Ivani Silva da Luz, acolheu denúncia feita pelo movimento Pátria Brasil contra o governo federal, que questiona a posse de Lula como ministro.

No despacho, a magistrada dá 48 horas para o governo se manifestar sobre o caso. Após esse período, a juíza deve decidir, em primeira instância, se Lula será mantido ou afastado do cargo.

Escutas telefônicas

Na quarta-feira (16), cerca de duas horas após o Palácio do Planalto anunciar que Lula seria o novo ministro da Casa Civil, a Polícia Federal divulgou o conteúdo de conversas telefônicas de Lula, interceptadas com autorização da Justiça.

A divulgação ocorreu depois que o juiz Sérgio Moro, que coordena a Operação Lava Jato, quebrou o sigilo das investigações e, com isso, tornou públicas gravações contidas no processo.

Em uma das conversas, Dilma e Lula conversam por telefone a respeito do termo de posse do ex-presidente como ministro da Casa Civil, que dá foro privilegiado ao petista.

Segundo interpretação dos investigadores, a gravação dá a entender que o governo federal teria agido para tentar impedir uma eventual prisão do ex-presidente. Essa gravação foi interceptada pela Polícia Federal poucas horas antes de ser divulgada, às 13h42 de quarta-feira.