Topo

Blairo Maggi quer revisão de dados sobre desmatamento

José Maria Tomazela <br>De Cuiabá

29/01/2008 11h52

O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), vai sugerir ao governo uma revisão nos números sobre o desmatamento na Amazônia. Ele acha que, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) admitiu erro nos números referentes a um período do ano passado, pode ter havido diferença também em anos anteriores. "Será que os números que nós divulgamos até hoje são corretos? Temos mesmo 17% da Amazônia ocupados? Acho que o correto é rever tudo", disse.

Ele vai propor ao governo que, daqui para a frente, os números levantados pelo Inpe sejam confrontados com aqueles apurados pelos Estados. "Para evitar o que houve, acho que os dados que os Estados e o Inpe têm devem ser compartilhados previamente. Às vezes, as metodologias usadas são conflitantes." O governador admitiu que ficou "muito desconfortável" com a divulgação dos números que detectaram um crescimento nas áreas desmatadas no Estado. "Todos os indicativos que tínhamos apontavam numa direção oposta", afirmou.

Como exemplo, citou que áreas abertas há muito tempo, já incluídas em estatísticas anteriores, voltaram a ser consideradas como desmatamento recente. "Não vou aceitar que o Mato Grosso fique numa estatística que não está correta." Dos 3.233 km² de derrubada detectados pelo Sistema de Desmatamento em Tempo Real (Deter) entre agosto e dezembro, 1.786 km² seriam no Estado. Para Maggi, a checagem feita pelos técnicos nas áreas indicadas pelo Deter entre abril e setembro de 2007 mostra que mais de 80% delas são desmatamentos antigos.

CMPF

O governador disse considerar que a divulgação dos números faz parte de uma briga entre os ministérios pelo Orçamento da União, que ficou reduzido em razão do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). "Como o dinheiro da CPMF vai ter que ser cortado de alguém, de quem tem mais problema não corta", disse, numa referência ao Ministério do Meio Ambiente. "Não estou afirmando que é isso, mas pode ser."