'As paredes apodreceram': família viraliza secando fotos após perder tudo

A auxiliar de veterinária Milena Paungartner, 23, já estava acostumada com enchentes em sua casa. "Moro desde os meus cinco anos em Novo Hamburgo. Enchentes acontecem desde 2013. É triste, mas já estávamos acostumados", disse ao UOL.

Milena contou que enfrentou alagamentos em setembro e novembro de 2023, mas o máximo que a água chegou foi na altura do joelho. Dessa vez, foi diferente: a enchente chegou ao telhado da casa.

"Na quarta (1º), acordei com a minha cachorra latindo. Quando pisei no chão, tinha água dentro de casa. Minha família já tinha levantado. Então pegamos nossos animais, um pouco das roupas e saímos de casa. Meus tios vieram nos resgatar", Milena Paungartner.

Desespero

Abrigados na casa de familiares, a auxiliar de veterinária e sua família dependiam de informações dos vizinhos que ficaram no bairro para saber sobre a situação do local. Foi muito rápido e, segundo, Milena, sua irmã de 13 anos não para de chorar de desespero.

No dia seguinte, nossa casa tinha desaparecido. Entramos em desespero. Acordamos um dia em casa e no dia seguinte tínhamos perdido tudo.

Depois de dias alagada, paredes da casa de Milena ficaram destruídas
Depois de dias alagada, paredes da casa de Milena ficaram destruídas Imagem: Acervo pessoal

'Fotos são registros da história'

Quando a água da casa baixou para altura do joelho, a família de Milena foi ver o tamanho do estrago. "É uma tragédia. Perdemos tudo o que estava em casa: móveis, eletrodomésticos, alimentos, tudo! Conseguimos salvar uma caixa com algumas fotos e documentos e algumas roupas", conta.

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Com o pouco que tinha conseguido recuperar em mãos, a jovem começou uma força-tarefa.

"Estava no trabalho e comecei a receber fotos e vídeos da minha família lavando a lama das roupas e utensílios que deu para salvar. Minhas primas estavam secando nossas fotos. Me emocionou muito", Milena Paungartner.

Para ela, recuperar as lembranças não tem preço, inclusive, porque há fotografias da avó e da bisavó que já faleceram. "Não sobrou nada, nem para a nossa casa vamos conseguir voltar porque as paredes apodreceram. Mas as fotos são parte da gente, são registros da nossa história", diz.

Fã clube e solidariedade

Milena estava com vergonha de postar o que tinha acontecido com ela e sua família nas redes sociais, mas incentivada pela mãe e pela tia, resolveu fazer uma publicação no Twitter pedindo ajuda.

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O Taylor Swift Brasil, um dos fã clubes da cantora americana, repostou meu tuíte e as pessoas começaram a nos fazer doações. Nada do que consegui teria sido possível sem o apoio deles. Tem fãs me mandando CD para refazer a minha coleção da Taylor. Tenho um fã clube dela há 10 anos e o que os fãs fizeram foi incrível.

As marcas nas paredes da casa da Milena mostram até onde a água subiu
As marcas nas paredes da casa da Milena mostram até onde a água subiu Imagem: Acervo pessoal

Nessa corrente do bem, a jovem começou a dividir o dinheiro que estava arrecadando com outras pessoas que passavam necessidades como ela. Enviou uma parcela para os vizinhos do bairro comprarem produtos de limpeza, para uma amiga comprar rações para cachorro - ela tem um projeto que protege animais de rua chamado Aumigos da Integração e já conseguiu achar lar para cinco dos 28 animais que cuida.

Ajudei também meu namorado. A casa dele ainda está coberta pela água e ele saiu de casa só de chinelo. Aqui está esfriando, mandei dinheiro para ele comprar um calçado e comida, porque ele e a mãe não tinham.

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