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Falha leva governo a rever cobertura de vacinas infantis

Da Agência Estado<br>Em São Paulo

18/02/2008 09h03

O Ministério da Saúde está revisando a cobertura de vacinas do calendário básico da criança em razão de possíveis falhas no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Divulgado em maio do ano passado, antes do início da avaliação, o último relatório sobre coberturas vacinais diz que o país tem índices satisfatórios de cobertura das principais vacinas e controle adequado das doenças que elas previnem, mas identifica déficits localizados que podem trazer risco de reintrodução ou introdução de doenças.

A situação é um desafio para o PNI, esforço da União, Estados e municípios que, em mais de 30 anos de existência, conquistou boa reputação, com marcos como a erradicação da varíola e da paralisia infantil. Os déficits de cobertura ocorrem principalmente em grandes municípios - apenas seis capitais, Goiânia, Salvador, Curitiba, Vitória, São Luís e Belém, tiveram coberturas satisfatórias para todas as vacinas avaliadas em 2006, por exemplo. São Paulo e Rio não cumpriram as metas para a maior parte das vacinas aplicadas em crianças de até um ano de idade.

No entanto, especialistas e o próprio ministério reconhecem que coberturas muito elevadas verificadas em algumas cidades (acima de 100%, por exemplo) podem estar relacionadas a erros no cálculo da população-alvo e no número de doses aplicadas. Em todo o país, o principal déficit, segundo os dados de 2006, era na vacinação de hepatite B - 70% das capitais não cumpriram a meta -, seguida pela vacina tetravalente (contra difteria, tétano, coqueluche e um tipo de meningite), para a qual 59% das capitais tiveram resultados aquém do esperado.

Em nota técnica, o ministério reconheceu que os dados atuais sobre coberturas estão "sujeitos a importantes erros de registro, transcrição, estimativa da população alvo e outros", o que pode trazer distorções nos dados disponíveis. A nota aponta ainda preocupação com a tendência de coberturas vacinais mais baixas nas camadas da população com melhores condições de vida.

Checagem

Estão sendo verificadas, em domicílio, as coberturas vacinais por meio de checagem das carteiras de vacinação. A amostra é de 20 mil crianças nascidas em 2005 em todas as capitais. Atualmente, a coleta de dados ocorre em Brasília, Porto Alegre, Cuiabá, São Paulo e Salvador. As demais cidades já estão em fase de digitação de informações.

O coordenador do inquérito populacional que revisa a cobertura das vacinas, o epidemiologista José Cássio de Moraes, do Centro de Estudos Augusto Leopoldo Ayrosa Galvão, da Santa Casa de São Paulo, lembra que estudos semelhantes à pesquisa nacional revelaram, por exemplo, que as coberturas vacinais não estavam adequadas antes da epidemia de sarampo registrada entre 1996 e 1997 no Estado de São Paulo. "Vimos que, antes da campanha, havia bolsões de pessoas não vacinadas. Aprendemos com os erros." Também os surtos de rubéola e sarampo registrados em 2006 no País têm relação com grupos não vacinados, diz o ministério. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo