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Médicos recomendam cautela e uso adequado de adoçantes

04/07/2008 14h35

São Paulo - Composta por enxofre e nitrogênio, a sacarina é um dos mais antigos e populares adoçantes do mercado, tendo sido descoberta em 1879. De lá para cá triplicaram as opções de produtos para quem é diabético ou simplesmente deseja manter a forma. Vez ou outra surgem pesquisas que associam o consumo de tais produtos a doenças ou até mesmo ganho de peso, gerando dúvidas no consumidor. De acordo com os médicos, sem evidências científicas que provem o contrário, os adoçantes são seguros desde que observadas as indicações de uso e quantidades máximas de ingestão recomendadas.

Para entender melhor, o adoçante dietético é produzido a partir dos edulcorantes, componentes naturais (frutose, sorbitol, monitol e esteovídeo) ou artificiais (aspartame, ciclamato, sacarina, acessulfame-k sucralose), responsáveis pelo sabor doce. Em geral, os edulcorantes possuem um poder de adoçar muito maior do que o açúcar da cana.

Segundo uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), três novas substâncias devem chegar à mesa do consumidor brasileiro. São elas a taumatina (edulcorante natural, obtido de uma fruta originária do oeste africano, 2500 vezes mais doce do que o açúcar), o eritrol (como o sorbitol, é considerado um edulcorante alcoólico) e o neotame (obtido através da modificação da molécula do aspartame, mas, ao contrário deste, ele não é contra-indicado para fenilcetonúricos, e é 8000 vezes mais doce do que o açúcar, sendo o preferido pela indústria de refrigerantes).

Com a medida anunciada em março, o órgão visa à redução da quantidade máxima dos adoçantes sacarina e ciclamato em bebidas e alimentos, por conterem sódio, grande vilão da hipertensão. As empresas têm três anos para adequarem seus produtos ao novo regulamento. Para a nutricionista Adriana Alvarenga, gerente de informação científica da empresa Gold Nutrition, a medida faz com que a indústria alimentícia reveja as composições dos seus produtos e as diversifique.

Açúcar ou adoçante? - Adriana faz um alerta sobre o consumo exagerado do açúcar, muito além dos 10% da ingestão diária de calorias recomendada pela Organização Mundial de Saúde. "Hoje vemos crianças com diabetes tipo 2, doença que era só de adultos. O açúcar não seria necessário por uma questão nutricional, afinal, outros tipos de carboidratos mais saudáveis do que ele fornecem a mesma energia e de forma mais adequada ao organismo, agregando outros nutrientes importantes. É o caso das frutas, ricas em vitaminas e minerais, e dos pães e massas integrais, que são ricos em fibras".

Na opinião da nutricionista Marlene Merino, coordenadora do departamento de nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes, em pequenas quantidades, o açúcar (sacarose) não é vilão, e pode ser incluído em uma alimentação balanceada e saudável. "A sacarose é um nutriente essencial para o funcionamento pleno do cérebro. Muitas vezes, a causa do excesso de peso não está no uso do açúcar, mas sim na sua associação com outros alimentos ricos em gorduras, como doces e sorvetes. O adoçante tem indicação específica e só deve ser utilizado se houver recomendação do médico ou nutricionista".

Moderação - Na opinião de Celso Cukier, nutrólogo da unidade Morumbi do Hospital São Luiz, em pequenas quantidades e em pessoas sem restrições alimentares, o açúcar pode ser até benéfico, especialmente no caso daqueles que fazem atividades físicas. Isso porque, uma vez metabolizado pelo organismo, ganha-se massa muscular. "Uma colherzinha de açúcar no café não vai fazer mal."

Muitas pessoas não usam açúcar refinado, tampouco adoçante, optando pelo açúcar mascavo ou mel, considerados mais saudáveis. Porém, os nutricionistas alertam que não são alternativas para o controle de peso porque têm as mesmas calorias do açúcar comum. Esses alimentos possuem, sim, melhor benefício nutricional (vitaminas e minerais) porque não passam pelo processo da refinação do açúcar comum.

AE

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