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Saúde aponta 19 capitais em situação de alerta ou de risco para dengue

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, divulgou os novos números da dengue no Brasil - Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, divulgou os novos números da dengue no Brasil Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lígia Formenti

12/03/2015 14h03

O número de capitais brasileiras em situação de alerta ou de risco para dengue subiu neste início de ano em relação ao começo de 2014. Estudo do Ministério da Saúde mostra que 19 capitais, incluindo São Paulo, encaixam-se nessa classificação. No ano passado eram 17. Esses dados estão presentes no Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), divulgado nesta quinta-feira (12) pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro.

O trabalho, feito a partir do número de criadouros do mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti, mostra também que 66% das cidades analisadas estão em situação de risco ou alerta. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse não haver ainda garantias de que a epidemia não alcançará o patamar apresentado em 2013, o pior da história para dengue, em número de casos. "Não é possível antever. O comportamento identificado até agora mostra que teremos uma situação melhor, mas tudo vai depender da resposta que daremos de agora em diante", disse Chioro, ao anunciar os números.

Até agora, foram registrados no Brasil 224,1 mil casos de dengue, um aumento de 162% em comparação a igual período do ano passado (85,4 mil casos). Em 2013, tinham sido confirmados 425,1 mil casos no período.

São Paulo é o Estado que apresenta o maior número de casos e de mortes. Foram confirmados 35 óbitos (o equivalente a 67% do que foi registrado em todo o País) e 123.738 pessoas infectadas pelo vírus. A incidência da doença (casos por 100 mil habitantes) é de 281 - muito superior aos 35,4 apresentados ano passado e a terceira maior do País. Acre, o campeão, tem 695,4 casos por cada 100 mil habitantes e Goiás, com 401 por 100 mil. Tradicionalmente, os meses de maior transmissão são março e abril. "Daí a necessidade de se redobrar os esforços para reduzir os criadouros", disse o ministro.

Enquanto o boletim epidemiológico traz um retrato da situação atual da doença no País, o LIRAa faz um prognóstico sobre o risco da doença. O levantamento, com dados por municípios, é uma ferramenta que pode ser usada por gestores e pela população para identificar as áreas com maior infestação do mosquito e, a partir daí, concentrar ações de prevenção. Chioro afirmou que os dados apresentados no levantamento confirmam o temor do ano passado de que, com o aumento da seca em várias regiões do País, o número de casos da doença e criadouros do mosquito aumentasse.

Na região Nordeste, a maioria dos criadouros do Aedes aegypti foram encontradas em depósitos de água: 76,5%. O porcentual é ainda maior do que o registrado ano passado, quando 75,3% dos focos do mosquito foram identificados em recipientes usados para armazenamento de água. Na região Sudeste, o número de focos em depósitos de água subiu de 15,7% para 21,7%. Apesar do aumento expressivo, depósitos domiciliares (52,6%) e lixo (25,7%) são ainda os principais focos de criadouros. No Norte, recipientes usados para armazenar água foram responsáveis por 24,5% dos criadouros, no Centro-Oeste 24,2% e no Sul, 14,8%.

Dados do LIRAa mostram que o Nordeste apresenta o maior número de cidades com risco de epidemia da dengue: 171. Em seguida, vem o Sudeste, com 54, e o Sul, com 52. Na Região Norte, 46 cidades apresentaram essa classificação e no Centro-Oeste, 17. O número de cidades avaliadas no levantamento deste ano é maior do que em 2014. Além das ações de controle do mosquito, Chioro voltou a reforçar a necessidade de as cidades prepararem para o atendimento de pacientes. "Não há porque haver morte por dengue", disse o ministro. Até agora, foram registrados 52 óbitos. No mesmo período do ano passado, foram 76. "Mas é possível reduzir. É preciso providenciar atendimento rápido, hidratar, ficar atento aos sinais de alarme, como dor abdominal", disse.

Adotando um tom conciliador, o ministro não quis apontar culpados para os indicadores registrados este ano. "É preciso pensar no que fazer: organizar o atendimento, treinar profissionais que ainda não estão capacitados para o tratamento de pacientes. A população deve procurar por criadouros em sua casa. Os gestores, por sua vez, devem também reforçar as ações de prevenção", disse.