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"Eu vim mais para aprender", diz médica espanhola que vai atuar no Amazonas

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

23/08/2013 18h09

A médica espanhola Sonia Gonzalez, de 38 anos, chegou com o filho ao Brasil na tarde desta sexta-feira (23) para o período de treinamento e avaliação destinado aos inscritos no programa Mais Médicos, do governo federal. "Eu vim mais para aprender, ter uma nova experiência em um local muito diferente do meu", conta a profissional, que se formou em Portugal e vinha trabalhando no país há dez anos.

Entenda a proposta do governo

  • Arte/UOL

    Governo Federal quer atrair médicos para as periferias e interior do país

Gonzalez vai trabalhar em uma unidade indígena em Alto do Rio Negro, no noroeste do Amazonas, na divisa com Colômbia e Venezuela. Ela diz estar empolgada para conhecer a região e trabalhar no local. "Ainda não sei se vão estar ou não 'contaminadas' com a nossa cultura", disse, referindo-se aos índios que irá atender.

Ela é uma dos cinco médicos formados fora do Brasil que desembarcaram em Brasília nesta tarde e foram recebidas pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no aeroporto internacional Juscelino Kubitschek. Apenas dois foram destacados para dar entrevistas à imprensa. Ao todo, 23 profissionais devem desembarcar até domingo em Brasília para o período de treinamento e avaliação que terá início nesta segunda-feira (26).

Thiago Carvalho, 33 anos, é outro médico que chegou hoje. Brasileiro, ele se formou há quatro anos na Espanha e trabalhava em Portugal. Natural de Rio Branco (AC), ele veio trabalhar no Estado. Trouxe a mulher e os dois filhos, que já foram para lá. Ele permanece em Brasília por três semanas, em alojamento militar, para as três semanas de treinamento.

“Não tenho palavras. Eu estudei na Europa e, com esta oportunidade do Programa Mais Médicos,  volto para minha casa e para a minha região”, afirmou, emocionado, o médico brasileiro. "Uni o útil ao agradável", acrescentou.

“O que nos move é levar médicos onde não existem médicos no nosso país. Eu tenho a experiência de ter saído de São Paulo para o interior da região amazônica, onde supervisionei o núcleo da USP (Universidade de São Paulo). Um médico perto da comunidade faz a diferença em qualquer situação”, afirmou o ministro.

Estrangeiros

Ao todo, 145 estrangeiros confirmaram a participação no Programa Mais Médicos, além de 99 brasileiros formados no exterior, que também passarão pelo módulo de avaliação. Os custos com alojamento, alimentação e transporte serão pagos pelo governo federal. O treinamento ocorre em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza. Os 244 profissionais vão atuar em 132 municípios e em dois Distritos de Saúde Indígena. No estado do Rio de Janeiro serão instalados 47 profissionais.

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Os médicos começarão a atuar nos municípios no dia 16 de setembro. Eles terão registro provisório para trabalhar por três anos no Brasil, exclusivamente no local selecionado no programa, e a bolsa de R$ 10 mil será paga pelo governo federal. As prefeituras ficarão responsáveis pela alimentação e moradia e universidades federais e secretarias estaduais e municipais de saúde farão a supervisão do trabalho.

 

Além dos inscritos no Mais Médicos, 400 médicos cubanos - de um total de 4.000 previstos em acordo com o país - também passarão pelo período de treinamento e avaliação nas capitais a partir desta segunda-feira. Eles não poderão escolher o município de atuação e serão encaminhados para os locais que não foram selecionados pelos inscritos. Eles também podem ser reprovados, de acordo com o ministério.

 

Primeira seleção

No primeiro mês de seleção, 1.096 profissionais com diplomas do Brasil e 244 formados no exterior – sendo 99 de nacionalidade brasileira e 145 estrangeiros – confirmaram sua participação no Mais Médicos. Eles estão distribuídos em 516 municípios e 15 distritos sanitários indígenas. Ao todo, 3.511 cidades aderiram ao programa apontando 15.450 vagas.

A segunda seleção foi aberta na segunda-feira (19) para adesão de novos municípios e médicos brasileiros e estrangeiros, que podem se cadastrar até o dia 30 de agosto. Os profissionais selecionados nesta etapa iniciarão as atividades ainda na primeira quinzena de outubro.