Topo

Passeata em Durban pede mais acesso a tratamento contra Aids

AP
Imagem: AP

Da Agência de Notícias da Aids*

18/07/2016 17h42

Apesar dos avanços significativos alcançados na luta contra o HIV, os participantes da 21ª Conferência Internacional de Aids, que será aberta oficialmente  nesta  segunda-feira (18), em Durban, às 19 horas (horário da África do Sul),  insistem nos enormes desafios ainda levantados pela doença. Um deles é o acesso aos medicamentos, um dos focos de uma manifestação de ativistas, muitos deles brasileiros, que aconteceu na manhã de hoje. Uma passeata, com cerca de quatro mil pessoas, saiu do centro da cidade portuária africana e caminhou até o local que sedia a conferência.

A escolha  de Durban para o evento que acontece a cada dois anos foi simbólica: no ano 2000, o ex-presidente Nelson Mandela convocou na mesma cidade o trabalho pelo acesso aos tratamentos gratítos de antirretrovirais para todos os doentes.

Apenas um milhão de pessoas no mundo, principalmente nos países do Norte, tinham acesso a estes medicamentos no ano 2000, lembrou nesta segunda-feira a associação AIDES. "Dezesseis anos depois, já são mais de 15 milhões. Com isso, foram evitadas quatro milhões de mortes."

No entanto, a associação adverte que estes avanços não devem esconder a realidade: ainda há 38 milhões de pessoas no mundo vivendo com o vírus, a maioria na África subsaariana.

Mortes

"Todos os meses, 100 mil pessoas morrem de Aids e 160 mil se infectam,  segundo a AIDES, que denuncia as "desigualdades sociais inaceitáveis" que seguem ocorrendo entre países pobres e ricos.

"Na África subsaariana, mais de dois mil jovens de menos de 24 anos se infectam todos os dias", afirmou Bill Gates, muito comprometido na luta contra a doença, na noite de domingo em Pretória, antes de viajar a Durban.

"Cerca da metade das pessoas com Aids não são diagnosticadas", o que reduz suas probabilidades de sobreviver e aumenta o risco de contaminação, lembrou o multimilionário fundador da Microsoft.

A Aids continua a primeira causa de mortalidade entre pessoas de 10 e 19 anos na África, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Para conseguir erradicar a doença em 2030 -- objetivo fixado pela ON-- são necessários esforços colossais, advertem as organizações não governamentais, num momento em que a vacina contra a Aids ainda não é uma realidade possível.

Para fazer pressão sobre os 18 mil participantes que devem chegar à conferência de Durban -- entre eles cientistas, autoridades políticas, doadores e personalidades como o príncipe Harry da Inglaterra, o cantor Elton John e a atriz sul-africana Charlize Theron --, nesta segunda-feira será realizada uma manifestação de doentes de Aids na cidade.

"Existe uma enorme distância entre as promessas políticas e a realidade em terra, com financiamento insuficiente e sistemas de saúde à beira da implosão", denunciaram nesta segunda-feira várias organizações especializadas e a justiça social.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) convocou os participantes da conferência a "colocarem em andamento um plano de ação para resolver o acesso crítico ao tratamento do HIV" na África Ocidental e Central, onde as taxas de tratamento são inferiores a 30%.

"Se não agirmos, as conquistas duramente conquistadas na África subsaariana nos últimos 15 anos podem ser anuladas", advertiu Bill Gates.

*A Agência de Notícias da Aids cobre a 21ª Conferência Internacional de Aids, em Durban (África do Sul), com apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, da DKT do Brasil e da Jansen Farmacêutica.