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Índia elimina morte por tétano de recém-nascidos e mães

Noah Seelam/AFP
Imagem: Noah Seelam/AFP

Donald G. McNeil Jr

02/09/2015 14h10

Um ano após eliminar a pólio, a Índia conquistou outra vitória na saúde pública. Graças a 15 anos de campanha, o país virtualmente eliminou o tétano como causa da morte de recém-nascidos e de mães.

Provocado por uma bactéria encontrada no solo e em excremento animal, o tétano costuma infectar recém-nascidos quando o cordão umbilical é cortado com uma lâmina suja. As mães costumam adoecer ao dar à luz sobre superfícies sujas ou sendo auxiliadas por parteiras que não lavaram as mãos.

A enfermidade -- conhecida pelos espasmos musculares -- costuma se instalar uma semana após o nascimento e leva à morte se não for tratada de imediato. Quinze anos atrás, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que quase 800 mil recém-nascidos morriam de tétano anualmente; agora, a cifra é inferior a 50 mil.

Todavia, o esforço para reduzir o tétano avançou lentamente. A Assembleia Mundial da Saúde -- encontro anual dos ministros da saúde de todo o mundo em Genebra -- havia decidido que 1995 seria o alvo para a eliminação da doença como ameaça à saúde.

Ao contrário da pólio ou varíola, o tétano nunca poderá ser erradicado porque esporos das bactérias existem no solo em todo lugar, disse o Dr. Poonam Khetrapal Singh, diretor para o Sudeste Asiático da OMS.

A Índia reduziu os casos para menos de um a cada mil nascidos vivos, que a OMS considera a "eliminação de um problema de saúde pública". O país obteve sucesso por meio da combinação de uma série de iniciativas.

Em mutirões de imunização, milhões de mães foram vacinadas contra o tétano, também protegendo os bebês durante semanas.

Mães que insistiam em dar à luz em casa, segundo a tradição local, receberam kits com sabonete bactericida, lençol plástico limpo, bisturi esterilizado e pinça plástica para cortar e prender o cordão.

O país também criou um programa pelo qual as mães recebiam US$ 21 para dar à luz em clínicas ou hospitais. Funcionárias de saúde de seus bairros recebiam US$ 9 por mãe e US$ 4 para pagar o ônibus ou o táxi e garantir que a mulher em trabalho de parto fosse à maternidade. As trabalhadoras somente recebiam a quantia total após visitarem cada neném em casa e aplicarem vacinas contra tuberculose.

Apesar da corrupção, o programa foi vitorioso. O jornal "The Times of India" noticiou que um inquérito encontrou fraudes claras -- incluindo uma mulher de 60 anos que teria ficado grávida cinco vezes em dez meses.