Por que a Uber mostra horário do busão e do metrô em Londres?
Você está acostumado a abrir o aplicativo da Uber e escolher entre carros econômicos ou com bagageiro maior ou para dividir com outros passageiros. Mas todos esses veículos são dirigidos por motoristas parceiros da empresa. Em Londres, porém, a companhia adotou uma estratégia diferente: passou a mostrar em seu próprio serviço os dados de circulação em tempo real de ônibus, metrô, trem e até de barcos.
A novidade é tão importante que Dara Khosrowshahi, presidente-executivo da Uber, estava na cidade para acompanhar o lançamento do recurso. Mas por que uma empresa que ganha dinheiro conectando passageiros a motoristas estaria interessada em promover o transporte público?
A iniciativa da empresa de transporte alternativo soa ainda mais estranha porque a atuação dela passou a ser encarada como uma ameaça por empresas que fornecem transporte público. No Brasil, por exemplo, as viações de ônibus protestam contra o Uber Juntos, em que passageiros escolhem compartilhar um carro com desconhecidos em troca de enfrentar um trajeto maior e pagar menos.
Três fatos ajudam a explicar a decisão da Uber:
- a empresa teve a licença cassada em setembro de 2017 pela TfL (Transport for London), a autoridade londrina para transporte público;
- a percepção de que a companhia aumenta a circulação de carros na cidade.
- o transporte público, na verdade, ajuda a Uber a lucrar.
Parceira de Londres
Depois de sua autorização para funcionar não ter sido renovada há quase dois anos, a Uber enfrentou um período fora das ruas londrinas, mas depois conseguiu reverter a situação. Em junho passado, a empresa obteve uma licença com duração de 15 meses.
Quando a TfL barrou a Uber, informou que a empresa não se responsabilizava por "potenciais implicações de segurança e proteção pública" -- a preocupação era como a empresa lidava com crimes ocorridos dentro de seus carros e como checava os antecedentes dos motoristas. Além disso, a TfL reclamava que a Uber deveria ser uma "melhor parceira" de Londres.
Congestionamento
A Uber e outras empresas de transporte alternativo têm sido apontadas como responsáveis pelo aumento do congestionamento. Segundo o jornal "The Guardian", o número de veículos licenciados quase dobrou desde que a companhia norte-americana iniciou suas operações em Londres.
De passagem pela capital londrina também devido ao roadshow que a empresa promove para convencer investidores a aderirem a sua abertura de capital, o presidente-executivo da Uber fez questão de mostrar que a intenção é aumentar a colaboração com a TfL. "Já tive a chance de testar nossa nova opção de transporte público, lançada hoje em Londres com tempos de ônibus e metrôs da TfL", escreveu em sua conta no Twitter nesta segunda-feira (29).
Tudo isso é parte do nosso objetivo de ajudar as pessoas a substituir seu carro por seu celular. Mais ainda está por vir
Dara Khosrowshahi
Transporte público
A ideia de que a Uber tem a missão de retirar carros da rua é repetida por outros executivos da empresa. "Com o tempo, é nosso objetivo ajudar as pessoas a trocar seu carro por seu celular ao oferecer uma variedade de opções de mobilidade - sejam carros, bicicletas ou transporte público --, tudo no aplicativo da Uber", afirmou Jamie Heywood, gerente da Uber na região, ao "Guardian".
Com a nova função, é possível apenas acompanhar se os ônibus ou o metrô de Londres estão no horário. A Uber é dona, no entanto, de um serviço de bicicletas compartilhadas, a Jump.
Se você acha que mostrar opões de transporte público pode parecer um tiro da Uber no próprio pé, pense novamente. A empresa se beneficia fortemente da integração com outras modalidades de transporte.
Em Londres, quando o metrô passou a funcionar à noite, não houve diminuição de corridas como achavam. Caiu um pouco no centro da cidade, mas aumentou em áreas suburbanas. Mostra que a Uber não compete com o transporte público, mas se integra com ele
Andrew Salzberg, chefe de políticas de transporte e pesquisa na Uber
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