Mandela recebe tratamento por infecção pulmonar

JOHANESBURGO, África do Sul, 11 dez 2012 (AFP) - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela recebe tratamento por uma infecção pulmonar, informou nesta terça-feira a presidência, que assegura que o opositor histórico ao regime racista do apartheid, de 94 anos, hospitalizado em Pretória desde sábado, está bem.

"Os médicos concluíram os exames e eles revelaram o reaparecimento de uma antiga infecção pulmonar, pela qual Madiba (nome do clã de Mandela com o qual ele é popularmente conhecido) recebe um tratamento apropriado ao qual reage bem", afirmou a presidência.

Esta é a primeira informação oficial sobre os problemas de saúde do herói nacional sul-africano, que passou 27 anos na prisão durante o regime racista do apartheid, antes de ser libertado em 1990. Mandela foi eleito presidente em 1994.

Há quatro dias, as fontes oficiais se limitavam a afirmar que Mandela, que recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1993, estava bem e que não havia motivo para preocupação.

No entanto, Mandela perde pouco a pouco seu lendário brilho, lamentou sua esposa Graça Machel em uma entrevista gravada na segunda-feira e exibida nesta terça-feira na televisão.

Graça Machel, calma e sorridente, não revelou informações sobre Mandela, mas disse que dá pena vê-lo envelhecer.

"Quero dizer que este espírito e esta chama desaparecem pouco a pouco", disse Machel ao canal eNCA.

"Vê-lo envelhecer é uma coisa que dá pena... Mas você entende e sabe que isto tem que acontecer", completou.

Mandela, prêmio Nobel da Paz, foi internado no sábado em um hospital militar de um subúrbio de Pretória para ser submetido a exames médicos.

As autoridades disseram em várias ocasiões nos últimos dias que ele não corria risco de vida, mas não esclareceram em que consistiam estes exames.

A hospitalização anterior do primeiro presidente negro do país - no mesmo hospital militar situado na periferia sul de Pretória - acontecera em fevereiro, após dores abdominais. Na ocasião, passou uma noite no hospital e retornou a sua casa depois que os exames não revelaram "nada verdadeiramente grave".

Em janeiro de 2011, Mandela provocou inquietação depois de ser hospitalizado com uma infecção respiratória aguda.

Já em 1988, Mandela foi internado em um hospital quando sofria uma forte tosse contraída na úmida cela na qual estava preso. Na época tinha tuberculose e os médicos drenaram seus dois pulmões, retirando dois litros de líquido.

Naquela oportunidade, Mandela permaneceu por seis semanas no hospital, antes de ser transferido, convalescente, a uma clínica localizada mais perto da prisão. Ali, foi o primeiro paciente negro internado no estabelecimento.

"O relatório do hospital indica que, por sorte, foram enviadas as amostras antes que os pulmões estivessem perfurados", contou Mandela em 2004, referindo-se a esta hospitalização de 1988.

"Fizeram um tratamento e, quatro meses depois, estava completamente curado", acrescentou.

Em 2001, o ex-presidente realizou radioterapia por um câncer de próstata. No ano seguinte, Mandela declarou à imprensa que estava curado desta doença.

Os anos de trabalhos forçados nas canteiras de pedra calcária de Robben Island, onde esteve preso, também danificaram suas glândulas lacrimais.

Mandela se retirou progressivamente da vida pública depois de terminar seu único mandato, em 1999. A última aparição do primeiro presidente negro da África do Sul foi em 2010, na Copa do Mundo organizada por seu país.

Atualmente, vive em Quni, o povoado de sua infância, na província rural de Cabo Oriental (sul).

sn/arb/boc/dmc.