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Mergulhadores retiram primeiros corpos de balsa sul-coreana naufragada

20/04/2014 07h58

JINDO, Coreia do Sul, 20 Abr 2014 (AFP) - Mergulhadores retiraram neste domingo 16 corpos da balsa sul-coreana que naufragou na quarta-feira com 476 pessoas a bordo, enquanto o capitão detido defendeu a decisão de adiar a saída dos passageiros da embarcação.

O balanço oficial da tragédia agora é de 49 mortos, com 253 desaparecidos, a maioria adolescentes, e 174 pessoas que foram resgatadas.

Em uma última ligação telefônica para a irmã mais velha, Kim Dong-Hyup, um aluno de 16 anos, prometeu que sairia com vida da balsa

Após quatro dias, a família acredita que Kim continua vivo.

"Sempre foi um garoto voluntarioso. Estou convencido de que se salvará de um jeito ou outro", disse à AFP o pai, Kim Chang-Gu, de 46 anos.

Os três primeiros corpos foram resgatados logo após a meia-noite (hora local), marcando o início do difícil processo de recuperar os restos mortais das supostas centenas de pessoas que ficaram presas quando a balsa "Sewol" de 6.825 toneladas adernou e naufragou.

Os três corpos estavam com coletes salva-vidas e dois eram de homens, segundo a Guarda Costeira.

"Os mergulhadores viram três corpos através de uma janela", anunciou Choi Sang-Hwan, subdiretor da Guarda Costeira.

"Tentaram recuperar os corpos quebrando o vidro, mas era muito difícil", completou durante uma reunião com os parentes dos desaparecidos.

Os parentes assistiram um vídeo com imagens gravadas por um mergulhador, mas apesar da lanterna potente utilizada, a visibilidade era muito reduzida.

As equipes de emergência pretendem prosseguir com o resgate durante toda a noite, segundo a Guarda Costeira.

Durante o dia, os mergulhadores, que lutam há três dias para vencer as fortes correntezas e o mar agitado, conseguiram enfim entrar na embarcação, totalmente submersa.

De acordo com a Guarda Costeira, ao invés de apenas dois mergulhadores, as próximas missões devem contar com até 10 mergulhadores.



Capitão acusado de negligência O capitão Lee Joon-seok e dois membros da tripulação foram detidos neste sábado e terão que responder por acusações de negligência e falhas na segurança dos passageiros, uma violação do código marítimo.

O homem de 69 anos tem sido muito criticado por ter abandonado a embarcação que naufragou na quarta-feira na costa meridional da Coreia do Sul, enquanto centenas de pessoas, em sua maioria adolescentes em viagem escolar, permaneciam presas a bordo.

Das 476 pessoas a bordo, mais de 350 eram estudantes da mesma escola de nível médio na cidade de Ansan (ao sul de Seul). Apenas 174 pessoas foram resgatadas com vida.

Decisão de adiar a saída O subdiretor da Guarda Costeira, que afirma ainda ter esperanças de encontrar sobreviventes, informou que serão instaladas redes ao redor da balsa para impedir o afastamento dos corpos.

O capitão e dois tripulantes foram levados para a delegacia de Jindo, a ilha vizinha ao local da tragédia.

Lee Joon-seok tentou explicar os motivos de sua decisão de adiar a saída dos passageiros depois que a embarcação ficou imobilizada.

As 476 pessoas que estavam a bordo receberam ordem para que permanecessem em seus assentos por mais de 40 minutos, segundo sobreviventes.

Quando a balsa começou a afundar, era muito tarde, já que os passageiros não conseguiam avançar pelos corredores inclinados, ao mesmo tempo que a água dominava a embarcação.

"Naquele momento (durante os 40 minutos posteriores ao choque), os barcos de emergência não haviam chegado. Também não havia pesqueiros ou quaisquer outros barcos que pudessem nos ajudar", declarou o capitão com a cabeça abaixada e coberta por um capuz.

"As correntes eram fortes e a água estava muito fria. Pensei que os passageiros seriam arrastados e teriam dificuldades se a retirada acontecesse em desordem, sem coletes salva-vidas", disse.

"E teria acontecido o mesmo com coletes", acrescentou.



Revolta dos parentes Não foram encontrados sobreviventes desde a manhã de quarta-feira. Os 174 sobreviventes foram resgatados poucas horas depois do naufrágio, no mar ou quando pulavam da balsa que ainda afundava.

A embarcação transportava 476 pessoas, incluindo 352 estudantes do colégio Danwon de Ansan, uma localidade ao sul de Seul, que estavam em uma viagem escolar.

O vice-diretor da escola, que havia sobrevivido à catástrofe, foi encontrado enforcado na sexta-feira, em um aparente suicídio.

"Sobreviver é muito difícil... Eu assumo toda a responsabilidade", escreveu em uma carta encontrada em sua carteira, segundo a imprensa local.

A revolta dos familiares aumentou nas últimas 48 horas. Os pais acusam as autoridades e os serviços de emergência de incompetência e indiferença.

"Não temos muito tempo. Muitos acreditam que é o último dia possível para encontrar passageiros vivos", disse Nam Sung-Won, que tinha um sobrinho de 17 anos a bordo.

"Depois de hoje, tudo estará acabado", completou.

A causa do acidente ainda não foi determinada. As informações da Marinha indicam que a balsa girou bruscamente antes de enviar um sinal de socorro. O choque pode ter desequilibrado a carga - 150 automóveis - e inclinado a embarcação.



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