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Iraque: combatentes do EI deixam complexo governamental em Ramadi

O pequeno Testimony Salvatore nasceu em 25 de dezembro a bordo do barco italiano - Francesco Saya/ EPA/ EFE
O pequeno Testimony Salvatore nasceu em 25 de dezembro a bordo do barco italiano Imagem: Francesco Saya/ EPA/ EFE

Em Roma

27/12/2014 12h42

Bagdá, 27 dez 2015 (AFP) - Todos os combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) deixaram neste domingo um complexo governamental estratégico da cidade de Ramadi, que as forças iraquianas tentavam recuperar, declarou um porta-voz das forças de elite antiterroristas.

"Todos os combatentes do Daesh (acrônimo em árabe do EI) partiram. Não há resistência", declarou à AFP este porta-voz, Sabah al-Numan, informando que a região ainda precisa ser limpa das minas e armadilhas explosivas instaladas por militantes do EI antes de sua fuga.

"Nossas forças cercam o complexo governamental; estão controlando todas as entradas e os edifícios adjacentes antes de entrar", explicou Numan.

Mais cedo, as forças iraquianas informaram estar avançando na cidade e estar fechando o cerco aos combatentes do EI, que estavam em menor número, mas se beneficiavam das centenas de armadilhas e artefatos explosivos espalhados pela cidade, combinados com suicidas e franco-atiradores.

Ramadi está situada 100 quilômetros a oeste de Bagdá e é a capital de Anbar, a maior província do Iraque, dividindo fronteira com Síria, Jordânia e Arábia Saudita.

Uma vitória nesta cidade pode permitir lavar a imagem do exército iraquiano, que recebeu muitas críticas depois de perder amplas faixas de território para os jihadistas em junho de 2014.

As batalhas pelo edifício governamental mataram nas últimas horas vários combatentes jihadistas e integrantes das forças iraquianas.

250 famílias evacuadasNo início da ofensiva, na última terça-feira, o avanço ao centro de Ramadi encontrou pouca resistência, mas os combatentes do EI estabeleceram fortes defesas ao redor do complexo governamental.

Também espalharam explosivos pela cidade inteira - estradas, posições abandonadas, casas - o que exigiu a mobilização de especialistas em segurança e atrasou o avanço das tropas.

Um oficial do exército informou que, apenas no fim de semana, os especialistas desativaram 260 explosivos no front norte de Ramadi.

Os militares também viram restrita sua capacidade de ataque devido à presença de civis bloqueados nas zonas de combate, muitos deles utilizados como escudos humanos pelos combatentes do EI.

Os civis que conseguiram escapar explicaram que havia pouca comida para os que ainda estavam presos na cidade.

"Mais de 250 famílias residentes em Ramadi puderam escapar desde que os combates explodiram no centro da cidade", indicou Ali Dawood, um responsável do distrito de Jaldiya.

Dawood acrescentou que centenas de famílias conseguiram chegar a campos de deslocados na província, enquanto outras preferiram ir a Bagdá ou à região autônoma do Curdistão iraquiano.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), os habitantes de Anbar representam um terço dos 3,2 milhões de iraquianos expulsos de seus lares desde junho de 2014.

As forças governamentais aguentaram meses de ataques do EI a Ramadi até perdê-la definitivamente em maio de 2015.

A contra-ofensiva, não isenta de disputas em nível político, terminou com um relativo sucesso: segundo o ministro da Defesa Khaled al-Obeidi, as forças iraquianas recuperaram a metade do território perdido no ano passado.

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