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Alemanha enfrenta a mais longa greve de trens da sua história

Tobias Hase/EFE
Imagem: Tobias Hase/EFE

Em Berlim

04/05/2015 16h53

Os maquinistas alemães sofreram, nesta segunda-feira (4), duras críticas não só dos usuários de trens como do próprio governo, após o início de mais uma greve, que será a mais longa da história da Deutsche Bahn, empresa de transporte ferroviário do país.

A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu nesta segunda-feira que "se faça tudo o que for possível para se chegar a uma solução" e lembrou das "graves consequências" para as empresas.

Já o ministro de economia, o social-democrata (SPD) Sigmar Gabriel, lamentou um "conflito cada vez mais incompreensível para o exterior".

O sindicato de maquinistas GDL enfrenta desde o ano passado a direção da companhia pública para se transformar em interlocutor e poder negociar acordos salariais para outras categorias além dos maquinistas.

Enquanto o tema não é resolvido, o sindicato se nega a negociar os salários e o tempo de trabalho.

A GDL já organizou sete greves desde julho. A oitava foi iniciada nesta segunda-feira às 13h GMT (10h de Brasília) no transporte de mercadorias e será a "mais longa da história da Deutsche Bahn", disse o combativo presidente do sindicato, Claus Weselsky.

Os trens de passageiros entrarão na greve a partir de terça-feira, às 0h GMT (21h de segunda no Brasil). Ambas devem ser encerradas no domingo, às 07h GMT (04h de Brasília).

"Essa greve é totalmente inapropriada e escandalosa", disse a Deutsche Bahn, que transporta 5,5 milhões de passageiros e 607.000 toneladas de mercadorias diariamente na Alemanha.

As negociações entre as duas partes estão totalmente bloqueadas. A GDL rejeita a oferta da Deutsche Bahn, que propôs um mediador externo, uma solução que Merkel classificou de "via praticável" para sair do impasse.

Só um terço dos trens de longa distância circularão quarta e quinta-feira, e entre 15% e 60% dos trens regionais, anunciou a Deutsche Bahn nesta segunda-feira. No caso das mercadorias, o tráfego cairá à metade.

"Nos fará perder muita atividade", disse Karl-Friedrich Rausch, da Deutsche Bahn. As greves já custaram aproximadamente 200 milhões de euros à companhia.

Os empresários inquietos. A Federação de Indústria BDI antecipa "danos de milhões de euros", em particular nos setores de siderurgia, química e no automotivo, muito dependentes do fornecimento de peças e componentes.

A Federação de Câmaras de Indústria e de Comércio DIHK adianta a cifra de 500 milhões de euros para a economia alemã nesta semana. Isso representa 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral da Alemanha, conforme lembra Andreas Rees, economista da Unicredit.

A locomotiva da UE tem registrado diversas movimentações sociais nos últimos meses, como o de pilotos da Lufthansa e dos trabalhadores do Deutsche Post.