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Saiba por que o 'flaperon' flutua e a caixa-preta afunda

Peça de avião encontrada na costa da ilha francesa da Reunião, no oceano Índico  - Yannick Pitou/AFP
Peça de avião encontrada na costa da ilha francesa da Reunião, no oceano Índico Imagem: Yannick Pitou/AFP

Em Paris (França)

31/07/2015 13h13

O fragmento de asa de avião, 'flaperon', encontrado na quarta-feira (29) em uma praia da ilha francesa da Reunião pôde flutuar no oceano Índico por se tratar de uma peça oca, cheia de ar, ao contrário das caixas-pretas, densas e metálicas, que afundam em caso de acidente marítimo.

Mantidos na superfície ou entre duas correntes de água pela flutuabilidade, outros detritos da mesma aeronave poderiam estar boiando nas correntes oceânicas, de acordo com especialistas em aviação.

"Todas as partes da asa e da deriva [onde se encontra o leme] são ocas", observa Jean-Paul Troadec, ex-diretor do BEA (Bureau de Investigação e Análise), referindo-se à famosa imagem da cauda do Airbus A330 flutuando no Atlântico Sul após o acidente do voo Rio-Paris da Air France em 1º de junho de 2009.

Como o flaperon encontrado em uma praia em Saint-André, todos os componentes das asas de aviões também são feitos de "um invólucro metálico ou materiais compósitos, com células internas cheias de ar, que garantem sua flutuabilidade", explica. Por isso, é "normal que esses elementos flutuem", acrescentou, recordando que "durante o acidente com o voo Rio-Paris muitos elementos flutuavam na superfície". No entanto, "outros acabaram por afundar porque foram fragmentados em pedaços pequenos". 

"Ao se tratar de uma peça metálica em 'sanduíche', isto é, duas placas com ar no meio, então ela flutua", afirma Gerard Feldzer, ex-piloto e ex-diretor do museu Ar e do Espaço, prevendo que "nós certamente iremos encontrar outras peças flutuantes".

Há, no entanto, nenhuma esperança de recuperar as caixas-pretas da aeronave, "prisioneiras da fuselagem" e que não dispõem de qualquer sistema de flutuabilidade, apesar dos repetidos pedidos desde a queda do voo Rio-Paris, lamenta.

Projetados para suportar o fogo ou pressões abissais, os gravadores de voo são guardados em caixas recobertas por três camadas de metais destinados a assegurar a sua integridade. Apesar de ser pequena, "é muito pesada e afunda", resume Troadec.

As caixas-pretas do voo Rio-Paris foram encontradas em maio de 2011, quase dois anos após o acidente.

Suspeita-se que os detritos encontrados esta semana são do Boeing 777 da Malaysia Airlines, desaparecido em 8 de março de 2014 sobre o oceano Índico.