Blogueiro saudita ganha prêmio de direitos humanos da UE
O Parlamento Europeu concedeu nesta quinta-feira (29) o Prêmio Sakharov para liberdade de expressão ao blogueiro saudita Raif Badawi, condenado em seu país a 1.000 chicotadas por "insultar o Islã".
Raif Badawi, blogueiro de 31 anos e dono do site liberal Saudi Network, foi preso em 2013 e condenado no final do ano passado a 10 anos de prisão e 50 chicotadas por semana durante vinte semanas por "insultar o Islã".
"Quero agradecer ao Parlamento o apoio a esta decisão", afirmou seu presidente, Martin Schulz, no plenário, onde denunciou a sentença contra o blogueiro.
"O prêmio Sakharov 2015 vai para @raif_badawi em reconhecimento por seu papel; também é uma mensagem forte ao regime saudita", escreveu o Partido Verde no Twitter.
Em uma primeira reação à notícia, a esposa de Badawi declarou que o Prêmio Sakharov para seu marido é "uma mensagem de esperança".
"Quero agradecer ao Parlamento Europeu. Estou muito feliz com este prêmio", afirmou Ensaf Haidar à AFP, ao agradecer o prêmio dado a seu marido.
O saudita recebeu uma primeira sessão de chicotadas em 9 de janeiro. Os castigos seguintes foram adiados por razões de saúde, primeiro, e depois por motivos não especificados.
Segundo Ensaf Haider, refugiada no Canadá, seu marido poderá ser submetido a novas chibatadas nos próximos dias.
Citando uma fonte de confiança, Haidar afirmou na terça-feira que "as autoridades sauditas deram seu aval para que o castigo contra Badawi seja retomado".
Mensagem a torturadores"Raif falou em nome de todos os sauditas que simplesmente sonham em ter os mesmos direitos que os outros seres humanos. Pagou muito caro por seu compromisso e o Prêmio Sakharov envia uma clara mensagem a seus torturadores", declarou Karim Lahiji, presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) em um comunicado.
A FIDH também assinala que este prêmio deve ser uma chamada de atenção para as chancelarias europeias.
"Este gesto forte do Parlamento Europeu revela a fraqueza e a inconsistência da diplomacia europeia em relação aos direitos humanos na Arábia Saudita", acrescentou.
Badawi recebeu em 2014 o Prêmio Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
O Prêmio Sakharov para a liberdade de expressão, chamado assim em homenagem ao cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, foi criado em 1988 pelo Parlamento Europeu para prestar homenagem a pessoas ou organizações que dedicaram sua vida ou ações à defesa dos direitos humanos e das liberdades.
Na disputa este ano estavam também o opositor russo Boris Nemtsov, assassinado, e a opositora Mesa da Unidade Democrática da Venezuela (MUD).
Em 2014, o médico congolês Denis Mukwege foi premiado em reconhecimento por seu trabalho a favor das mulheres vítimas da violência sexual na República Democrática do Congo.
A menina paquistanesa Malala Yusafzai recebeu esta distinção em 2013 para recompensar seu combate pelo direito de todas as crianças à educação.
Entre outros premiados famosos, figuram os dissidentes cubanos Guillermo Fariñas (2010) e Oswaldo Payá (2002), o movimento cubano "Damas de Branco" (2005), o dissidente chinês Hu Jia (2008), a líder opositora birmanesa Aung San Suu Kyi (1990) e o grupo argentino Mães da Praça de Maio (1992).
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