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China e Rússia avançam em sua visão de nova ordem mundial

30/03/2022 09h36

Pequim, 30 Mar 2022 (AFP) - O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, obteve de seu aliado chinês, nesta quarta-feira (30), uma reafirmação da amizade "ilimitada" de ambos os países em sua visão de construir uma nova ordem mundial, durante sua primeira visita a este país desde o início da invasão da Ucrânia.

Diante da resistência ucraniana e da união das democracias ocidentais, que impuseram sanções sem precedentes, a Rússia pode contar apenas com o poder chinês para escapar do isolamento econômico total.

Nesse contexto, Lavrov aproveitou um encontro bilateral com seu colega Wang Yi, no leste da China, para anunciar o advento de uma nova ordem mundial, sonhada por ambos os países.

"Estamos vivendo uma etapa muito séria na história das relações internacionais", declarou, no início de um encontro bilateral com Wang Yi.

"Estou convencido de que, no final desta etapa, a situação internacional ficará muito mais clara e que nós, junto com vocês e com nossos apoiadores, avançaremos em direção a uma ordem mundial multipolar, justa e democrática", disse Lavrov ao ministro chinês.

"As relações entre China e Rússia resistiram bem ao desafio da mudança da situação internacional", respondeu Wang Yi, de acordo com declarações divulgadas por seu ministério.

Em um comunicado divulgado pelo governo russo, os dois países anunciaram que vão "continuar a aprofundar a coordenação da política externa" e "ampliar a ação conjunta", mas sem anunciar medidas concretas de apoio da China à Rússia.

- "Oposição à hegemonia" -As potências ocidentais alertaram Pequim contra o apoio ao regime do presidente Vladimir Putin de qualquer forma que permita à Rússia suavizar o impacto das sanções.

As empresas chinesas têm sido cautelosas em seu comércio com a Rússia por medo de serem atingidas pelas sanções.

Lavrov teve, então, de se contentar com a reafirmação do caráter ilimitado da amizade entre os dois países contra um rival comum, os Estados Unidos.

"A cooperação sino-russa não tem limites. Nossa busca pela paz é ilimitada, nossa defesa da segurança é ilimitada, nossa oposição à hegemonia é ilimitada", disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, quando questionado sobre a visita do russo.

O governo chinês se recusou a condenar a intervenção militar da Rússia na Ucrânia lançada em 24 de fevereiro.

No início de março, o chanceler Wang Yi elogiou o que chamou de amizade "sólida como uma rocha" com Moscou e defendeu as preocupações de segurança "razoáveis" da Rússia.

Poucas semanas antes do início da guerra na Ucrânia, Putin foi calorosamente recebido por seu colega chinês, Xi Jinping, em Pequim. Ambos celebraram uma amizade "sem limites" e denunciaram a "expansão" da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

- Afeganistão na pauta - Lavrov chegou a Tunxi (leste) para participar de uma reunião de dois dias com representantes de sete países vizinhos do Afeganistão: Rússia, China, Paquistão, Irã, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.

O chefe da diplomacia do regime talibã, Amir Khan Muttaqi, também deve participar da reunião, segundo a agência oficial de notícias chinesa, a Xinhua.

Em paralelo, deve acontecer uma reunião de um "mecanismo de consulta" sobre o Afeganistão com a participação de diplomatas de China, Rússia, Paquistão e Estados Unidos.

De acordo com um porta-voz do Departamento de Estado americano, o representante especial de Washington para o Afeganistão, Tom West, deve participar do encontro.

Essas reuniões ocorrem uma semana após a visita do ministro chinês das Relações Exteriores a Cabul. Foi a primeira desde a volta dos talibãs ao poder no Afeganistão, em agosto passado. A China compartilha uma pequena fronteira montanhosa de 76 quilômetros de altitude com este país.

Pequim teme que seu vizinho se torne uma base de retaguarda para os separatistas e islamitas da etnia uigure, maioria na vasta região fronteiriça de Xinjiang (noroeste).

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