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Quadrilha chefiada por delegado no RJ atuava pelo menos desde 2012, diz MP

01/04/2015 17h16

Presos nesta quarta-feira (1º) sob acusação de integrar organização criminosa que atuava na DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) do Rio de Janeiro para extorquir dinheiro de empresários, o delegado Fernando Cesar Magalhães Reis e o perito criminal José Afonso Garcia Alvernaz praticavam crimes pelo menos desde 2012, segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio). Segundo o órgão, a quadrilha era chefiada pelo delegado e as extorsões chegaram a R$ 300 mil.

A Justiça também expediu mandado de prisão preventiva contra o policial civil José Luiz Fernandes Alves, chefe das equipes de investigação da DPMA, que era procurado até o fim da tarde desta quarta.

Os acusados vão responder pelos crimes de organização criminosa, extorsão, extorsão mediante sequestro e concussão. Realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MP-RJ e pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança, a Operação Hiena já tinha resultado na prisão de sete pessoas, sendo cinco delas policiais civis.

As investigações começaram no início do ano, após denúncia de um empresário. No esquema, integrantes das equipes de investigação da DPMA faziam diligências nas sedes de empresas, sob o argumento de estarem verificando denúncias anônimas sobre a prática de crime ambiental.

Os agentes apontavam falsas irregularidades e, com isso, pressionavam e ameaçavam o empresário ou responsável pelo local a realizar os pagamentos indevidos. O perito criminal José Afonso Alvernaz é apontado como responsável por forjar laudos que apontavam crimes ambientais inexistentes. Ainda de acordo com o MP, a organização criminosa também sequestrou vítimas de extorsão e as manteve como reféns por mais de oito horas enquanto o preço dos resgates era negociado.

Os chefes do esquema ficavam com 40% do valor arrecadado e os outros 60% eram divididos entre os agentes que participavam das falsas diligências, de acordo com as investigações. Além desse golpe, chamado pela quadrilha de "pancada", havia uma lista de empresários que eram obrigados a fazer pagamentos fixos de propina até o dia 10 de cada mês.

Os pagamentos da chamada "merenda" muitas vezes eram feitos nas dependências da própria DPMA. Um desses locais era o estacionamento da delegacia, aponta a investigação. O valor das propinas mensais variava de R$ 500 a R$ 6 mil, dependendo do porte da empresa. Parte da investigação foi baseada na delação premiada de um dos policiais civis lotados na DPMA.

Os advogados dos acusados não foram localizados pela reportagem.