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Governo contém bate-boca com Eduardo Cunha

Cunha usou a rede social Twitter para atacar o partido da presidente Dilma Rousseff. - Ed Ferreira/Folhapress
Cunha usou a rede social Twitter para atacar o partido da presidente Dilma Rousseff. Imagem: Ed Ferreira/Folhapress

Em Brasília

15/06/2015 08h55

O governo decidiu intervir para contornar a nova crise entre PT e PMDB. A ordem no Palácio do Planalto é evitar que prospere bate-boca com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro da Defesa, Jaques Wagner, chegou a telefonar para dirigentes petistas pedindo que eles evitem troca de ofensas.

Após dizer ao jornal "O Estado de S. Paulo" que "dificilmente o PMDB repetirá a aliança com o PT" em 2018 porque "esse modelo está esgotado", o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou ao ataque contra os petistas neste domingo (14). Irritado por ter sido hostilizado no 5º Congresso do PT, no sábado, ele usou a rede social Twitter para atacar o partido da presidente Dilma Rousseff.

"Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da aliança e não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte", ameaçou, um dia após saber que foi chamado de "oportunista de ocasião" e "sabotador do governo" no encontro petista, em Salvador. "No momento, temos compromisso com o país e a estabilidade, mas isso não quer dizer que vamos nos submeter à humilhação do PT", reforçou Cunha.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), contemporizou a defesa feita por Cunha de rompimento da aliança: "O governo não vai criar crise onde não existe", resumiu. "2018 ainda está muito longe."

Guimarães disse se dar muito bem com o vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB e é articulador político do Planalto. "Não tem fuxico entre nós dois. Não tem estresse", garantiu o líder.

Tensão

As relações entre PT e PMDB estão cada vez mais tensas. Nos últimos dias, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, disse que era "imprescindível" a Secretaria de Relações Institucionais ser ocupada, para dar agilidade às negociações com o Congresso, o que contrariou Temer, articulador político do governo, que incorporou as funções da pasta.

Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Temer, furioso, cobrando explicações pelo fato de a bancada do PMDB ter aprovado a convocação de Paulo Okamotto, que comanda o Instituto Lula, na CPI da Petrobrás.

"Toda relação longeva precisa de ajustes", amenizou o deputado Sibá Machado (AC), líder do PT na Câmara. "O PMDB também é governo e temos de tratar as alianças de 2018 em 2018", completou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

No sábado, último dia do congresso petista, dirigentes rejeitaram proposta apresentada pela corrente trotskista O Trabalho que pregava o rompimento da aliança com o PMDB. Em meio a gritos de "Fora, Cunha", o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) classificou, então, o presidente da Câmara como "oportunista de ocasião". Foi aplaudido pelos colegas.

"O PMDB está cansado de ser agredido pelo PT constantemente e é por isso que declarei ao Estadão que essa aliança não se repetirá", reagiu Cunha, ontem, no Twitter. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".