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Pasadena teve 'acerto' de US$ 15 milhões, apontou operador do PMDB

Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, comprada pela Petrobras em 2006 - Divulgação/Clui.org
Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, comprada pela Petrobras em 2006 Imagem: Divulgação/Clui.org

De São Paulo

16/11/2015 14h13

A compra da Refinaria de Pasadena envolveu uma propina de pelo menos US$ 15 milhões e teve como figura central das negociações o ex-gerente de Inteligência de Mercado da Diretoria de Internacional da Petrobras Rafael Mauro Comino, um dos alvos da Operação Corrosão - 20ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (16).

"(Comino) participou ativa e intensamente do processo de aquisição da Refinaria de Pasadena, tendo atuado subordinadamente a Nestor Cerveró", diz o pedido de prisão temporária da Lava Jato. Cerveró era o diretor de Internacional, sustentado pelo PMDB no cargo.

"Comino juntamente com Luis Carlos Moreira, realizou reunião no ano de 2004 para discutir com o Vice-Presidente da Astra, Alberto Feilhaber, a aquisição da Refinaria de Pasadena pela Petrobras e coordenou o processo de sua aquisição (50% iniciais), tendo integrado a equipe de negociação de propostas, preços e condições contratuais e apresentado o negócio da aquisição desta à Diretoria Executiva e ao Conselho de Administração", informa a Lava Jato.

As revelações do operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, foram decisivas para as descobertas da Lava Jato em Pasadena. Ele apontou o ex-gerente de Internacional Luis Moreira e Cerveró como responsáveis pelo "acerto" em Pasadena.

"Com o pagamento de 'comissão' no negócio de aquisição da Refinaria de Pasadena e que o valor da 'comissão' (propina) seria de US$ 15 milhões de dólares, sendo que Alberto Feilhaber, representante da Astra Oil, foi a pessoa responsável por conseguir aprovar na Astra o pagamento da 'comissão'", informa a PF.

A Astra Oil era a antiga dona de Pasadena que vendeu 50% à estatal brasileira em 2006. O negócio foi aprovado pelo Conselho de Administração da estatal brasileira, à época presidido pela então ministra-chefe da Casa Civil, a hoje presidente da República, Dilma Rousseff. Dilma diz que só aprovou a compra porque o conselho recebeu um resumo técnico "falho" e "incompleto" sobre a aquisição. Segundo o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou um prejuízo de US$ 792 milhões.

Segundo Baiano, a distribuição dos valores pagos a título de propina foi feita da seguinte forma. "US$ 6 milhões foram pagos aos funcionários da Diretoria Internacional, quais sejam: Nestor Cerveró, Luis Carlos Moreira, Agosthilde Mônaco, Rafael Comino e Cezar Tavares".

Houve ainda o pagamento de US$ 2 milhões para a Diretoria de Abastecimento, em favor de Paulo Roberto Costa, ex-diretor e delator da Lava Jato.