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Morre cientista Sergio Henrique Ferreira, aos 81 anos

19/07/2016 13h17

Ribeirão Preto - Conhecido como um dos principais cientistas do Brasil, um dos primeiros a transformar um produto descoberto na natureza em medicamento vendido em larga escala, o médico e cientista Sergio Henrique Ferreira morreu neste domingo, 17, aos 81 anos. Não foi informada a causa da morte.

Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, no interior paulista, Ferreira foi como pesquisador na mesma instituição na qual ele descobriu, na década de 1960, investigando o veneno da jararaca, o chamado fator de potencialização da braticinina (BPF, na sigla em inglês), que se transformaria no medicamento mundialmente mais utilizado até hoje contra a hipertensão, o captopril.

A molécula bradicinina havia sido isolada do veneno da cobra ainda em 1948 pelo farmacologista brasileiro Maurício Rocha e Silva, que depois seria orientador de Ferreira em seu doutorado. Mas foi o fator de potencialização que permitiu o desenvolvimento do remédio.

O trabalho foi publicado em 1965 no British Journal of Pharmacology e, por ele, Ferreira e dois cientistas da Bristol Myers Squibb Farmacêutica receberam da American Heart Association, em 1983, o Prêmio Ciba Award For Hypertension Research, o primeiro de muitos outros que viriam na sua carreira.

Durante o regime militar, Ferreira e a mulher, Maria Clotilde Rossetti Ferreira, exilaram-se na Inglaterra, onde ele fez dois pós-doutorados no Royal College of Surgeons. Lá trabalhou com o bioquímico John Vane em pesquisas sobre analgésicos anti-inflamatórios, entre eles a aspirina, que renderam a Vane o Nobel de Medicina em 1982. No discurso de agradecimento ao prêmio, o inglês citou várias vezes o pesquisador brasileiro.

De volta ao Brasil, Ferreira continuou trabalhando com analgésicos e descobriu o mecanismo de ação periférica da dipirona e propôs o desenvolvimento de drogas opiáceas de ação periférica. Esses trabalhos lhe renderam, em 1990, o prêmio Scientific Merit Award, concedido pela Interamerican Society for Clinical Pharmacology and Therapeutics.

Ferreira foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em dois momentos, entre 1995 e 1999. De acordo com a instituição, ele orientou mais de 20 teses de doutorado e teve mais de 300 artigos publicados em periódicos científicos.

Recebeu, em 1990 e 1992, o prêmio da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Também recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, em 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento, da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor, no ano de 2005.