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Na ONU, Temer quis reforçar que Brasil vive nova fase, diz professor da USP

Em São Paulo

20/09/2016 12h10

Enfatizar que o processo de impeachment de Dilma Rousseff foi constitucional e que o Brasil tem tradição em receber estrangeiros foram as duas principais intenções no discurso do presidente Michel Temer na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. A avaliação foi feita nesta terça-feira, 20, pelo professor de Direito Constitucional Daniel Falcão, da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Segundo o especialista, o discurso do presidente foi dentro do esperado, considerando que o peemedebista fez questão de afirmar que o Brasil vive um novo momento após o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência. "Ele apresentou que o Brasil vive uma nova fase, após o processo de impeachment, dentro do previsto pela Constituição", afirmou o professor.

Sobre os refugiados, Falcão analisa que o Brasil não é um ator de destaque no cenário internacional, o que torna a menção de Temer ao assunto sem efeitos relevantes. "Ele falou que o Brasil tem tradição em receber estrangeiros, mas infelizmente não acho que o Brasil seja um ator tão relevante nessa questão, que está principalmente concentrada na Europa e nos Estados Unidos", comentou.

Para o especialista, a fala de Temer pelo fim do protecionismo agrícola é genérica porque cai em um tema que o País não é apenas vítima. "Os outros países dizem que o Brasil é extremamente protecionista, então as afirmações na verdade são genéricas", disse.

A presença de Temer durante o evento, reforça o professor, pode ser positiva para a imagem do presidente depois de um processo de impeachment marcado por críticas ao afastamento de Dilma. "A reação da imprensa internacional ao impeachment não foi o que ele [Temer] esperava, então é claro que ele fez questão de mostrar aos povos [que o processo foi constitucional] e vai ganhando espaço internacional", avaliou Falcão.