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Massacre em Manaus foi guerra de facções, dizem investigadores

Em São Paulo

02/01/2017 14h59

Apontada como a terceira maior facção do país, atrás apenas do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Comando Vermelho, a Família do Norte do Amazonas matou cerca de 60 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. As mortes estão relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC.

Para os investigadores ouvidos pela reportagem, não se trata de um rebelião, e sim de um "limpa geral" da FDN contra integrantes da facção paulista no Amazonas.

A FDN atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na região Norte do país por meio do domínio da "rota do Solimões", responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros consumidores no Brasil e no exterior.

Aliada do Comando Vermelho, a FDN foi alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios federais.

Na investigação que deu origem à La Muralla a Polícia federal já havia mapeado a disputa entre as duas facções. Em pouco mais de seis meses de investigações, segundo a PF, "foram interceptadas e analisadas mais de 1,1 milhão de mensagens e chamadas telefônicas relacionadas a todo tipo de práticas criminosas, sendo coletados importantes elementos de informação e de prova de crimes como tráfico internacional de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, homicídios, sequestros, torturas, corrupção de autoridades públicas e outros conexos, que são praticados e/ou planejados diariamente por praticamente por seus membros."

Durante a investigação também foram realizadas 11 grandes apreensões de aproximadamente 2,2 toneladas de drogas, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, além de armas de fogo de grosso calibre, que incluem submetralhadoras 9mm e granadas explosivas de mão.

Assim como outras facções, a FDN possui um estatuto próprio com os "pilares de hierarquia e disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema prisional amazonense".

A regra número um é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são: Gelson Lima Carnaúba, vulgo "G" e José Roberto Fernandes Barbosa, antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de "Z", "Messi" e/ou "Pertuba".