Topo

Esquema de Cabral movimentava cerca de R$ 1 mi por mês, diz ex-assessor

Réu em sete processos, Sérgio Cabral está preso desde novembro passado - Reprodução de vídeo
Réu em sete processos, Sérgio Cabral está preso desde novembro passado Imagem: Reprodução de vídeo

Daniela Amorim

Rio

04/05/2017 13h38

O esquema de corrupção que envolvia o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral chegou a movimentar cerca de R$ 1 milhão por mês, segundo estimativa de Luiz Carlos Bezerra, ex-assessor de Cabral, que prestou depoimento nesta quinta-feira (4) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, no Rio de Janeiro.

Bezerra foi preso preventivamente no âmbito da Operação Calicute por suposta participação em esquema de corrupção durante a gestão do peemedebista. No depoimento desta quinta, ele reconheceu que fazia o transporte de valores da rede montada por Cabral desde 2010, na campanha pela reeleição. A partir de 2011, a movimentação de recursos já não tinha relação com a campanha, mas com o esquema ilícito de pagamentos em espécie.

As anotações que Bezerra fazia sobre a entrada e saída de recursos mostram que ele chegou a movimentar mais de R$ 37 milhões desde 2011. Ele estima que, mensalmente, o volume em circulação chegava a R$ 1 milhão. Para fazer parte do esquema, o ex-assessor de Cabral recebia R$ 30 mil mensais.

"Eu ganhava um salário razoável. Nunca me foi dito nada. Nunca perguntei", disse o acusado, em depoimento. "Às vezes tinha uma bonificação, às vezes tinha um pouco a mais", acrescentou.

Milhares de reais em mochila

Segundo Bezerra, quem organizava o esquema de pagamentos era Carlos Miranda, preso junto com o ex-governador. Miranda e Cabral foram sócios em uma empresa, a SCF Comunicação e Participações e são amigos de infância. No entanto, o próprio Cabral passou a instruir recebimentos e pagamentos a partir de 2016.

Bezerra confirmou que levou dinheiro ao escritório de Adriana Ancelmo, mulher de Sergio Cabral, umas cinco ou seis vezes. O dinheiro era entregue em espécie, em quantias que alcançavam centenas de milhares de reais transportado dentro de uma mochila, segundo a investigação.

O acusado também afirmou que levou dinheiro a duas joalherias, HStern e Antonio Bernardo, mas que não transportou as joias.

Na contabilidade paralela que Bezerra fazia do esquema, foram encontradas as anotações sobre arrecadação de propina e pagamento a membros da organização, além de familiares de Cabral. Ele confirmou que fazia pagamentos regulares de mesadas a parentes do ex-governador. Entre os citados estão a mãe de Cabral, Magaly Cabral, os irmãos Maurício e Claudia, a sobrinha Maria, os filhos de Cabral e a ex-mulher Suzana Cabral.

Durante o governo de Cabral no Rio, Carlos Bezerra exerceu cargo em comissão de Assessor Especial da Diretoria Geral de Administração e Finanças, da Secretaria de Estado da Casa Civil.