Morte de Chávez gera dúvidas sobre aliança bolivariana
A morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nesta terça-feira (5), gerou comoção nos países latino-americanos e questionamentos sobre o destino da chamada "aliança bolivariana", lançada anos atrás pelo líder.
Logo após o anúncio sobre a morte do mandatário, realizado pelo vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, suspendeu suas atividades - que incluíam um discurso sobre a distribuição de livros do Ministério da Educação.
Cristina e Chávez eram definidos como "amigos". Ele foi uma das poucas autoridades a comparecer à cerimônia familiar pela morte do ex-presidente Nestor Kirchner, marido da presidente, em 2010, realizada na província de Santa Cruz, na região da Patagônia.
Cristina costumava citar o nome de Hugo Chávez em sua conta no Twitter para comentar diversos assuntos - como, por exemplo, sua recente reeleição - ou mencionava seu nome nos discursos para dizer que esperava melhoras em seu estado de saúde. "Força Hugo", disse certa vez.
Em Montevidéu, o presidente do Uruguai, José Mujica, lamentou a notícia. Mujica disse ainda que a morte do presidente venezuelano era "previsível", mas a "surpresa e a dor são grandes, porque perdemos um amigo".
Em declarações à Televisão Nacional, Mujica disse ainda: "Espero um gesto de grandeza do povo (venezuelano) que deve superar uma transição difícil". A assessoria do presidente do Uruguai informou que ele embarcará para Caracas nesta quarta-feira para participar da "despedida" à Chávez.
Em janeiro deste ano, Chávez foi submetido a tratamento contra o câncer em Cuba e não compareceu à posse do uruguaio. Porém, Mujica esteve em Caracas, como presidente temporário do Mercosul, e declarou que os venezuelanos deveriam "manter a paz e a unidade se Chávez não estiver (presente) amanhã", segundo publicou o jornal El Observador, de Montevidéu.
Além de Cristina Kirchner e de Mujica, outros presidentes da região mantinham relação fluída com Chávez, segundo diferentes analistas e assessores dos governos. "Chávez aproximou a Venezuela do Cone Sul e não dos Estados Unidos", disseram diplomatas brasileiros à BBC Brasil.
Nesta terça-feira, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, manifestou pesar sobre a notícia. "Oferecemos nossas sentidas condolências à família do presidente Hugo Chávez e também ao governo e ao povo da República Bolivariana da Venezuela. Após uma dura luta pela vida, finalmente o presidente Chávez descansa em paz", disse.
Segundo o diário El Mercurio, Piñera e Chávez "tinham diferenças políticas". Mas Piñera, informou o jornal, revelou ter conversado com Chávez durante seu tratamento médico. "Ele me disse que se tivesse que enfrentar a morte o faria em sua pátria, em sua querida Venezuela. Lembrei disso quando ele voltou de Cuba para Caracas", afirmou Piñera.
O presidente chileno disse ainda que Chávez estava "comprometido com a integração da América Latina".
Exemplo
Na Bolívia, cujo presidente, Evo Morales, era definido por setores sociais e analistas políticos como "seguidor" de Chávez, a Agência Boliviana de Informação (ABI) publicou: "Bolívia comovida pela morte de Chávez, grande amigo e aliado".
"Estamos destroçados com o falecimento do irmão e companheiro Hugo Chávez", afirmou Morales.
"Chávez foi um irmão solidário, um companheiro revolucionário, um latino-americano que lutou por sua pátria, pela pátria grande, como também fez Simón Bolívar".
"Ele deu a vida pela liberação do povo venezuelano, do povo latino-americano e de todos os anti-imperialistas do mundo", disse.
O líder Simón Bolívar, considerado um herói libertador da América espanhola, era a referência das ideias do movimento bolivariano de Chávez.
O governo do Paraguai, do presidente Federico Franco, que mantinha diferenças públicas com Chávez, emitiu comunicado do Ministério das Relações Exteriores com "as mais profundas condolências" pela morte do líder.
O Mercosul aprovou, no ano passado, a entrada da Venezuela no bloco e, ao mesmo tempo, a suspensão do Paraguai devido à destituição do então presidente Fernando Lugo.
Alba
Em Buenos Aires, o jornal Página 12 destacou em seu site: "trágica morte histórica". Já o La Nación, também da capital argentina, publicou, em sua versão na internet, que a morte de Chávez "deixa dúvidas sobre o bloco bolivariano", iniciado por ele.
A Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) hoje agrega Venezuela, Equador, Bolívia, Cuba, Nicarágua e os pequenos países caribenhos de Antígua e Barbuda, Dominica e São Vicente e Granadinas.
O bloco conta com a cooperação econômica da Venezuela - um dos maiores produtores de petróleo do planeta. Segundo analistas, Cuba é um dos países que mais depende da cooperação venezuelana. O governo de Raul Castro recebe cem mil barris de petróleo por dia com preços subsidiados. Havana retribui com serviços médicos.
O Página 12 cita ainda analistas ao dizer que esta relação - entre a integração energética e de saúde - é a base da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América). A publicação questiona se projetos lançados por Chávez continuação existindo.
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