Brasil elege Congresso mais 'fragmentado': veja vencedores e perdedores
Os brasileiros colocaram mais seis partidos no Congresso Nacional na eleição realizada neste domingo. Com isso, o Legislativo Nacional estará mais fragmentado a partir de 1º de janeiro de 2015 – com 28 partidos, em vez dos 22 eleitos em 2010.
Todos os seis novos partidos ingressaram na Câmara dos Deputados. O Senado seguirá com o mesmo número de siglas da atual legislatura: 16.
Há também mudanças importantes na composição política do Congresso.
Confira abaixo uma lista de quem saiu vitorioso e quem perdeu espaço no Legislativo. (Alguns resultados ainda podem mudar nos próximos dias, de acordo com julgamentos de candidatos e recursos no Tribunal Superior Eleitoral.)
VENCEDORES
1) Partidos 'nanicos'
O Congresso Nacional terá a partir de 1º de janeiro de 2015 seis partidos que não haviam conquistado votos em 2010. Três destes partidos são "nanicos": PEN (Partido Ecológico Nacional), PTN (Partido Trabalhista Nacional) e PSDC (Partido Social Democrata Cristão). Juntos eles terão oito deputados federais.
Os outros três são partido novos, fundados no decorrer da atual legislatura (ver abaixo, em "Partidos Novos").
E outras três siglas pequenas reconquistaram vagas que haviam perdido com trocas de partidos por parte de seus políticos, segundo dados compilados a partir do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do site Congresso em Foco.
Nenhum partido da atual legislatura – grande ou nanico – perdeu vaga na Câmara dos Deputados.
2) PSB
Marina Silva foi a principal derrotada na eleição presidencial, não conseguindo chegar ao segundo turno da eleição depois de chegar a liderar várias pesquisas de opinião de voto.
Mas o PSB – partido ao qual ela se filiou em outubro do ano passado – é um dos que sai mais fortalecido das urnas no Congresso. O PSB havia perdido dez deputados federais desde as eleições passadas. A maior parte deles saiu quando foi criado o PROS (Partido Republicano da Ordem Social), de Ciro Gomes.
Agora, o PSB recuperou na urna todas as vagas que perdeu – passando de 24 a 34 deputados federais. No Senado, foi o partido que mais ganhou vagas: quatro, incluindo o Rio de Janeiro, onde foi eleito o ex-jogador Romário. O PSB será, em 2015, o quarto partido com mais senadores.
3) PSDB
A exemplo do partido de Marina, a sigla do candidato à Presidência Aécio Neves também havia perdido vagas na Câmara dos Deputados ao longo da atual legislatura – nove no total. Agora, o PSDB elegeu 54 deputados federais, recuperando dez vagas na Câmara.
Só o PRB teve aumento maior no número de deputados federais do que os tucanos (o Partido Republicano Brasileiro ganhou 11 vagas – sendo sete destas em São Paulo, onde Celso Russomano obteve 1,5 milhão de votos e "puxou" a eleição de muitos deputados federais).
O PSDB se consolidou como terceiro maior partido da Câmara dos Deputados – 54 deputados federais, contra 70 do PT e 66 do PMDB. Mas perdeu uma vaga no Senado, onde também é o terceiro partido com mais senadores (19, contra 19 do PMDB e 13 do PT).
Além disso, caso consiga se eleger presidente no segundo turno, Aécio Neves precisaria construir novas alianças para conseguir governar, já que os nove partidos que formam sua coligação (PSDB, PTB, DEM, SD, PEN, PMN, PTN, PTC e PT do B) obtiveram apenas 128 das 513 vagas na Câmara dos Deputados.
Para governar com maioria simples ele precisaria de 257 deputados aliados.
Na câmara alta, a coligação de Aécio teria apenas 19 senadores - de um total de 81.
PERDEDORES
1) PT, PMDB e base aliada
PT e PMDB seguem sendo os dois partidos com o maior número de legisladores do Brasil – na Câmara (70 e 66 vagas, respectivamente) e no Senado (13 e 19). Caso seja reeleita no segundo turno, a presidente Dilma Rousseff continuaria com maioria simples no Congresso.
Os nove partidos que apóiam sua candidatura (PT, PMDB, PP, PSD, PR, PRB, PDT, PROS e PC do B) ganharam 304 vagas na Câmara e 52 no Senado.
Apesar disso, PMDB e PT estão entre os três partidos que mais perderam vagas nas urnas nesta eleição. O PT tem 88 deputados federais na atual legislatura – e terá 70 a partir de 2015. O PMDB já havia perdido oito deputados nos últimos quatro anos devido à troca de partidos por políticos. Nas urnas, perdeu mais cinco vagas, encolhendo de 71 para 66 deputados.
2) DEM
Formado em 2007, o Democratas já foi uma das grandes forças do Congresso Nacional na época em que ainda se chamava PFL – partido aliado do PSDB nos governos de Fernando Henrique Cardoso.
Em 1998, o PFL chegou a ter 111 deputados federais, um número quase impensável para qualquer sigla no cenário político de hoje.
Na eleição de 2010, o DEM já tinha menos da metade destas vagas – 43. Ao longo desta legislatura, o partido perdeu deputados – muitos deles para o PSD, sigla criada pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Agora, o DEM encolheu de novo nas urnas, elegendo apenas 22 deputados federais – e é apenas o nono partido com o maior número de vagas na Câmara. No Senado, os Democratas perderam uma vaga, e hoje têm cinco senadores.
3) Partidos Novos
Nesta eleição, três siglas novas apareceram na urna eletrônica. Mesmo sem nunca ter recebido qualquer voto em sua existência, esses três partidos já contam com 83 deputados federais na atual legislatura.
As três siglas foram formadas com políticos eleitos que abandonaram suas siglas: o Partido Social Democrático (PSD – que conta com o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab), o Solidariedade (SD, de Paulinho da Força) e Partido Republicano da Ordem Social (Pros, dos irmãos Ciro e Cid Gomes).
Na eleição de domingo, os três partidos somados perderam 24 vagas na Câmara dos Deputados – caindo para 63.
Ainda assim, eles retêm parte de sua força no Congresso. Com 37 deputados federais, o PSD será em 2015 o quarto maior partido do Congresso. A sigla também elegeu dois senadores. A Câmara dos Deputados têm 513 assentos.
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