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Dez anos após ataques, Londres tem maior simulação antiterror da história

A Scotland Yard começou a planejar o evento de dois dias em janeiro e apenas poucas pessoas têm conhecimento do roteiro completo para garantir que policiais e outros serviços participando do evento enfrentem o máximo de desafio - BBC
A Scotland Yard começou a planejar o evento de dois dias em janeiro e apenas poucas pessoas têm conhecimento do roteiro completo para garantir que policiais e outros serviços participando do evento enfrentem o máximo de desafio Imagem: BBC

30/06/2015 17h08

Policiais, soldados, serviços de emergência e membros do serviço secreto participam nesta terça-feira (30) em Londres do maior exercício antiterror da história, quase dez anos após os ataques de julho de 2005 contra o sistema de transporte da capital britânica.

A simulação de um ataque terrorista em Londres foi planejada durante seis meses.

O exercício, chamado de Strong Tower (ou "Torre Forte", em tradução livre) envolveu mil policiais em locais espalhados por toda Londres e deve durar até a tarde de quarta-feira.

O comissário da Polícia Metropolitana de Londres, Bernard Hogan-Howe, afirmou que o exercício visa testar as respostas à presença de extremistas usando armas de fogo.

A Polícia Metropolitana londrina deixou claro que o exercício desta semana não é baseado em nenhuma informação secreta específica e é parte de uma estratégia de longo prazo para planejar e preparar a cidade para todos os tipos possíveis de ataques.

'Treinar e aprender'

A Scotland Yard começou a planejar o evento de dois dias em janeiro e apenas poucas pessoas têm conhecimento do roteiro completo para garantir que policiais e outros serviços participando do evento enfrentem o máximo de desafio.

Policiais de patentes mais altas informaram que a maior parte do exercício não vai ocorrer em frente ao público, mas algumas pessoas poderão ouvir barulhos ou ver algumas áreas sendo isoladas.

Bernard Hogan-Howe disse que o nível de ameaça terrorista subiu no último ano, o que torna crucial para os policiais, agentes e equipes de emergência "treinar e aprender".

"A razão de termos exercícios como o de hoje é que, obviamente, estamos preocupados (com o fato de) existir pessoas planejando eventos terroristas. Queremos, antes de tudo, evitar que elas ataquem. Mas, se não conseguirmos parar os planos dos terroristas, é essencial prejudicá-los e qualquer tipo de ataque que possa ocorrer."

O correspondente da BBC para assuntos internos Dominic Casciani afirmou que, apesar da natureza deste "exercício ao vivo" soar muito parecida com o ataque recente em uma praia da Tunísia, no qual um atirador matou 38 pessoas, é preciso lembrar que este evento já vinha sendo planejado há seis meses e é parte de um programa regular.

Os oficiais que começaram a trabalhar na manhã desta terça-feira sabiam que participariam de um exercício mas não tinham ideia do que iriam enfrentar. Nem mesmo os comandantes sabiam.

Casciani afirma que o exercício foi influenciado por incidentes anteriores: o ataque contra a redação da revista satírica Charlie Hebdo, em Paris, e o cerco a um café em Sydney.

E, segundo o correspondente da BBC, a Scotland Yard destacou que, não importa o que aconteça durante o exercício, não significa que eles tenham recebido alguma informação secreta específica sobre a possibilidade de um ataque contra Londres.

Muitos exercícios antiterror ocorrem na Grã-Bretanha, mas longe dos olhos do público, em outras cidades fora da capital. O último exercício comparável ao desta semana ocorreu em Londres em 2012.

Naquela ocasião a Polícia Metropolitana e outros setores de emergência e segurança do país queriam testar como seria a reação a um ataque contra o metrô de Londres envolvendo um dispositivo radioativo ou químico.Mas, nesta terça e quarta-feira, o exercício será mais amplo, com incidentes sendo encenados em várias partes da cidade, apesar de poucos saberem exatamente o que vai acontecer durante o exercício.

As agências envolvidas na operação incluem a polícia, os bombeiros, serviços de ambulância, de transporte público, o serviço público de saúde (NHS) e uma série de departamentos do governo que serão testados em modalidades como tomadas de decisão e gerenciamento durante um ataque.