Europa não pode mais receber imigrantes, diz premiê francês
Em entrevista a jornais europeus, Manuel Valls afirma que países do bloco chegaram ao limite na crise migratória e defende o controle mais rígido das fronteiras externas da União Europeia.
Os países da União Europeia (UE) chegaram ao limite na crise migratória e não podem mais receber refugiados, afirmou o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, a diversos jornais europeus nesta quarta-feira (25).
"A Europa precisa dizer que não pode mais acolher tantos migrantes, não é possível", declarou o premiê em entrevista publicada na Alemanha pelo jornal "Süddeutsche Zeitung", alertando ainda que o destino da União Europeia será determinado pelo controle mais rígido das fronteiras externas do bloco.
"O controle das fronteiras externas é essencial para o futuro da União Europeia. Se não fizermos isso, as pessoas vão dizer: chega de Europa!", ressaltou Valls.
A UE enfrenta a pior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial. Somente a Alemanha espera receber mais de 1 milhão de refugiados neste ano.
Valls reiterou que a Europa precisa encontrar uma solução com os vizinhos da Síria --Turquia, Líbano e Jordânia-- no acolhimento a refugiados e registro de migrantes. Mesmo antes dos ataques que deixaram 130 mortos em Paris no dia 13 de novembro, o primeiro-ministro já defendia uma estratégia europeia mais ampla na crise migratória.
Críticas a Merkel
Alguns líderes europeus e mesmo dentro da Alemanha criticaram a postura de abertura da chanceler federal Angela Merkel perante o intenso fluxo migratório e alegaram que a "Wilkommenskultur" e a decisão de abrir as fronteiras do país para refugiados sírios intensificaram a crise.
Na entrevista, Valls evitou criticar diretamente Merkel pela decisão de suspender procedimentos europeus de requerimento de asilo, mas sinalizou que Paris foi pega de surpresa com a medida. "A Alemanha fez uma escolha louvável. No entanto, não foi a França quem disse 'venham'", destacou.
Valls afirmou ainda que a Alemanha e a Itália também estão ameaçadas pelo terrorismo do grupo extremista Estado Islâmico (EI). "Para mim, está claro que é uma guerra. Rejeitar a palavra guerra significa negar a realidade", citou o "Süddeutsche Zeitung".
A entrevista foi publicada horas antes do encontro entre Merkel e o presidente da França, François Hollande, em Paris. Após os atentados na capital do país, o líder francês está em busca de aliados no combate ao Estado Islâmico.
Com a suspeita de que pelo menos um dos terroristas tenha entrado na Europa como refugiado, os ataques em Paris também acirraram os debates sobre a crise migratória.
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