Europa enfrenta a mais grave crise migratória desde 1945; relembre os fatos

Em Paris

  • Robert Atanasovski/AFP

O anúncio da Eslováquia e da Áustria, depois da Alemanha, do restabelecimento dos controles nas fronteiras e o fechamento pela Hungria de sua fronteira constituem os mais recentes eventos da mais grave crise migratória na Europa desde 1945.

Mais de 430 mil migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo desde janeiro e quase 2.800 morreram ou desapareceram, segundo a OIM (Organização Internacional para as Migrações). Quase 310 mil deles chegaram na Grécia e 121 mil, na Itália.

Os sírios representam 50% das pessoas que cruzaram o Mediterrâneo desde janeiro e 70% daqueles que chegaram na Grécia, de acordo com estimativas do Acnur (Alto Comissariado da ONU para os Refugiados).

- 23 de abril: Após a morte em uma semana de 1.200 migrantes ao largo da Líbia, os europeus decidem triplicar o orçamento das operações de resgate da Frontex no Mediterrâneo, passando a nove milhões de euros por mês.

Uma ação militar contra traficantes de seres humanos da Líbia é mencionada, mas a força naval criada em junho se limita a uma maior vigilância, na ausência de aprovação da ONU.

- 13 de maio: A Comissão Europeia propõe a introdução de cotas para alocar os refugiados que chegam em massa, aumentando a migração legal, o que desperta a hostilidade da maioria dos Estados-Membros da UE.

- 26 de junho: A UE endurece as condições de acolhida aos migrantes (criação de centros de triagem para os refugiados e aceleração das expulsões daqueles que não obtiveram asilo), embora concorde com um esforço para aliviar a Itália e a Grécia de 40 mil demandantes de asilo.

Mas no acordo concluído em 20 de julho, apenas 32.256 hospedagens são oferecidas de forma voluntária.

- 30 de julho: em Calais (norte da França), cerca de 3.000 migrantes aguardam para dar prosseguimento à sua viagem, um clandestino morre, o décimo em dois meses, depois de tentar ganhar a Grã-Bretanha.

Paris e Londres assinam um acordo em agosto para proteger o túnel ferroviário sob o Canal da Mancha e combater os traficantes.

- 27 de agosto: os corpos de 71 imigrantes, possivelmente sírios, são descobertos em um caminhão abandonado em uma estrada na Áustria. No dia anterior, os corpos de 52 migrantes foram encontrados no porão de um barco ao largo da costa da Líbia.

- 2 de setembro: A foto do corpo de Aylan, uma criança síria de três, em uma praia na Turquia,provoca comoção e raiva em todo o mundo.

Nilufer Demir/Reuters

- 3 de setembro: Centenas de migrantes invadem a principal estação ferroviária de Budapeste, fechada por dois dias.

- 7 de setembro: A França se compromete a aceitar 24 mil refugiados em dois anos. Londres promete hospedar 20 mil sírios em cinco anos. Berlim desbloqueia mais seis bilhões de euros para a acolhida de migrantes.

- 9 de setembro: O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, insta os Estados da UE a distribuir com urgência o acolhimento de 120 mil refugiados, além dos 40 mil mencionados em junho.

A chanceler alemã, Angela Merkel, exige uma nova "divisão" dos refugiados.

- 11 de setembro: Vários países europeus rejeitam a política de cotas obrigatórias defendida por Berlim e Bruxelas.

- 13 de setembro: Pelo menos 34 pessoas, incluindo quatro bebês e 11 crianças, morrem afogados ao largo da costa da Grécia, após o naufrágio do seu barco lotado.

A Alemanha reintroduz os controles fronteiriços para "conter" o fluxo de refugiados que ela diz não ser capaz de acomodar.

- 14 de setembro: A Eslováquia e a Áustria anunciam o restabelecimento dos controles nas fronteiras.

A polícia húngara fecha sua principal passagem na fronteira com a Sérvia. Desde o estabelecimento, por Budapeste, de uma cerca de arame farpado na fronteira sérvio-húngara, a passagem pela ferrovia de Röszken era o único ponto de trânsito para quase todos os migrantes que entram Hungria.

Matthias Schrader/AP

Após estimar em 800 mil o número de requerentes de asilo em 2015, a Alemanha agora espera acomodar até um milhão, de acordo com o vice-chanceler Sigmar Gabriel.

A União Europeia, cujos ministros responsáveis pela imigração reuniram-se em Bruxelas, decidiu usar a força militar contra os traficantes de migrantes.

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