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Morre aos 95 anos ex-guarda de Auschwitz condenado à prisão

17.jun.2016 - O ex-guarda do campo de concentração Auschwitz Reinhold Hanning durante julgamento em tribunal de Detmold, Alemanha - Bernd Thissen via AP
17.jun.2016 - O ex-guarda do campo de concentração Auschwitz Reinhold Hanning durante julgamento em tribunal de Detmold, Alemanha Imagem: Bernd Thissen via AP

01/06/2017 07h52

Há um ano, Reinhold Hanning foi sentenciado por cumplicidade em 170 mil mortes ocorridas no campo de concentração de Auschwitz entre 1943 e 1944. Nonagenário negava participação nos assassinatos.

O ex-guarda do campo de concentração de Auschwitz Reinhold Hanning,condenado no ano passado a cinco anos de prisão, morreu aos 95 anos. Seu advogado afirmou nesta quinta-feira (01) que a morte ocorreu no dia 30 de maio, sem fornecer maiores detalhes.

A condenação do Tribunal Estadual de Detmold ainda não havia sido efetivada legalmente, uma vez que a Corte Federal de Justiça da Alemanha ainda examinava pedidos de revisão da sentença feito pelos advogados de defesa.

Hanning, que aderiu voluntariamente à tropa nazista SS, foi acusado de cumplicidade em 170 mil mortes ocorridas em Auschwitz entre 1943 e 1944.

Ele estava presente no local durante a chamada operação Hungria, que resultou na deportação de 425 mil judeus húngaros ao campo de concentração durante um período de três meses, em 1944. A maioria morreu nas câmaras de gás logo após chegar ao local.

Segundo o Tribunal Estadual de Detmold, que condenou Hanning, ele estava ciente "de que em Auschwitz inocentes eram diariamente assassinados nas câmaras de gás". Durante as audiências, o ex-guarda admitiu ter conhecimento dos assassinatos, mas rechaçou qualquer participação neles.

Em abril do ano passado, ele pediu publicamente desculpas às vítimas da SS, dizendo arrepender-se de ter sido parte de uma "organização criminosa" que matou tantos e causou tanto sofrimento.

Estima-se que 1,1 milhão de pessoas tenham sido mortas no campo de concentração de Auschwitz, atualmente situado na Polônia, entre as quais 1 milhão de judeus, a maioria na divisão de extermínio Auschwitz II-Birkenau.

A ação contra Hanning só foi possível graças ao estabelecimento de um precedente jurídico em 2011, quando o ucraniano John Demjanjuk se tornou o primeiro réu condenado na Alemanha apenas por servir como guarda num campo de concentração, mesmo sem provas de envolvimento concreto em atos criminosos. Sentenciado a cinco anos de prisão, ele morreu em março de 2012, aos 91 anos, sem cumprir a pena.