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Mais uma pessoa é localizada com vida após naufrágio de cruzeiro

Em Roma

15/01/2012 07h33Atualizada em 15/01/2012 10h37

Uma terceira pessoa foi localizada hoje com vida no cruzeiro Costa Concordia, naufragado nas águas da ilha italiana de Giglio, quase 30 horas depois de a embarcação ter encalhado, informou o prefeito regional de Grosseto, província à qual pertence a ilha.

Trata-se do comissário-chefe do navio, Marrico Giampetroni, que foi achado em uma área alagada. Os bombeiros agiram com muita cautela para resgatá-lo, já que o local onde ele estava está em ruínas.

Este sobrevivente se une ao casal de recém-casados coreano que foi resgatado com vida na noite passada do interior do navio, 24 horas depois do acidente.

Trata-se de Hye Jim Jeong e Kideok Han, ambos de 29 anos, que foram localizados no interior da cabina que ocupavam, na oitava ponte. O casal, em viagem de lua-de-mel, tinha subido ao navio no porto de Civitavecchia, a 70 km ao norte de Roma, poucas horas antes do naufrágio.

Passageiros

No total, 3.200 passageiros estavam no navio. Foram confirmados três mortos --dois turistas franceses e um membro da tripulação peruano-- e 40 feridos. Ainda há desaparecidos, de acordo com a imprensa local. Segundo a empresa responsável pelo cruzeiro, havia passageiros de inúmeras nacionalidades, incluindo italianos (989), alemães (569), franceses (462), espanhóis (177), americanos (129), croatas (127), russos (108), colombianos (10), chilenos (10), peruanos (8), venezuelanos (5), cubanos (2), equatorianos (2), mexicanos (2) e um uruguaio.

O consulado do Brasil em Roma informou que 53 brasileiros estavam no navio de cruzeiro que naufragou na costa italiana na noite de sexta-feira (13). Segundo o consulado, a empresa Costa Cruzeiros, dona da embarcação, disse que 47 dos brasileiros eram passageiros e os outros seis, tripulantes. Não há informações de brasileiros entre os mortos, feridos e desaparecidos.

Comandante

O comandante do Costa Concordia foi detido e interrogado pelo procurador chefe da localidade, Francesco Verusio. Francesco Schettino, de 52 nos e natural de Nápoles, foi ouvido por várias horas por Verusio. A promotoria o acusa de homicídio culposo múltiplo, naufrágio e abandono do navio enquanto muitos passageiros ainda se encontravam na embarcação.

De acordo com a imprensa italiana, o comandante deixou o cruzeiro por volta das 23h30 (hora local), quando parte dos tripulantes e dos passageiros ainda aguardavam para serem levados. As últimas pessoas só deixaram o navio por volta das 2h30 e 3h deste sábado.

Outro tripulante do Costa Concordia, o primeiro oficial da ponte de comande, Ciro Ambrosi, também está sendo investigado, de acordo com a imprensa local.

A caixa-preta da embarcação, na qual se encontram as gravações das conversas entre o navio e o porto de Livorno, o mais importante da região, já foi recuperada, informou o procurador chefe. Verusio disse que o impacto com as rochas aconteceu às 21h45 e que as capitanias dos portos próximos não foram avisadas imediatamente.

De acordo com a primeira reconstituição feita por Verusio, o capitão se aproximou demais da ilha de Giglio, fez uma manobra errada e o lado esquerdo do casco do navio se chocou com as rochas. Em pouco tempo, muita água entrou na embarcação.

De acordo com a companhia proprietária do navio, a Costa Cruzeiros, o comandante Schettino assegurou neste sábado que as pedras não apareciam no mapa que estava no Costa Concordia.

Rota

O navio Costa Concordia realizava um cruzeiro de uma semana pelo Mediterrâneo quando se chocou aparentemente contra uma rocha perto da ilha de Giglio, no sul de Toscana, levando a bordo 4.231 pessoas, entre elas inúmeros estrangeiros. Os passageiros foram levados para terra firme. Muitos dos passageiros estavam jantando quando o navio encalhou e, tomados pelo pânico, alguns se jogaram na água gelada.

Rota que o navio Costa Concordia deveria ter feito

  • Reprodução

Luciano Castro, um dos passageiros do Costa Concordia, disse à imprensa italiana que por volta das 21h30 local "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".

Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar.

A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro. Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do 'Titanic'", com empurrões entre os evacuados, gritos e choros.

Também denunciou a falta de preparação da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.

Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferries garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes para a ilha de Giglio.

No total, 12 navios e nove helicópteros foram mobilizados para verificar se não há ninguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos.

O armador Costa Crociera, dono do barco, se declarou "consternado" e expressou seus pêsames às famílias. Indicou que não é possível determinar de imediato as causas do acidente e assegurou que a evacuação foi rápida, apesar de difícil, já que estava entrando muita água no barco.

Segundo a empresa, o barco havia partido de Savona para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com escalas previstas em Civitavecchia, Palermo, Cagliari (Itália), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França). O Costa Concordia, de 290 metros, tem 58 quartos com suíte e balcão, cinco restaurantes, 13 bares e quatro piscinas.

Memória

O acidente desta madrugada trouxe à memória o desastre do Titanic, a mais emblemática tragédia marítima da história. Mais de 1.500 pessoas morreram no naufrágio que virou filme, o luxuoso transatlântico britânico que colidiu no dia 15 de abril de 1912 contra um iceberg em frente à ilha de Terra Nova, no Atlântico Norte.

O acidente mais grave da história da navegação comercial ocorreu em 20 de dezembro de 1987, no litoral da ilha filipina de Leyte, quando o choque entre a embarcação Doña Paz e um petroleiro causou a morte de ao menos 4.300. A maior catástrofe naval ocorrida na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial envolveu a embarcação Estonia, que afundou em 28 de setembro de 1994 no Mar Báltico provocando a morte de 852 pessoas. (Com AFP e Folha.com)