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ONU revela que conflito da Líbia pode ter até 300 mil combatentes

25/03/2015 11h16

Genebra, 25 mar (EFE).- A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quarta-feira que de 20 mil a 300 mil combatentes dispõem de armas na Líbia e lutam em alguma das duas facções que disputam o poder no país, onde o movimento jihadista Estado Islâmico também conseguiu estender seu domínio.

"É preciso lembrar que 20 mil, talvez 30 mil, lutavam contra Kadafi. Portanto, desde que a revolução terminou, há dez vezes mais pessoas que se tornaram em supostos revolucionários", disse o chefe da divisão de direitos humanos da Missão de Apoio da ONU na Líbia, Claudio Cardone em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça.

Segundo ele, essas são pessoas sem formação nem experiência no combate, mas que recebem armas e salários, o que contribuiu para afundar a Líbia no caos. Desses combatentes, uma pequena parcela é parte do que era o exército líbio nos tempos do ditador Muammar Kadafi, que preferia manter forças armadas frágeis para prevenir insurreições.

A Líbia tem uma população aproximada de 6 milhões de pessoas, das quais estima-se que 400 mil sejam deslocados internos devido ao conflito. O desgoverno que seguiu à queda de Kadafi, com a multiplicação de milícias e a intensificação dos combates, desde maio de 2014, colaborou para o aumento do número de imigrantes que deixam a região a partir da África Subsaariana e cada vez mais da Síria rumo a Europa.

Cardone apresentou à imprensa um relatório preparado por seu escritório sobre a violenta perseguição sofrida pelos defensores dos direitos humanos, ativistas e jornalistas, que mesmo depois de deixarem a Líbia, seguem recebendo ameaças ou sendo vítimas de agressões no país para onde foram. Muitos ativistas estão desaparecidos, outros optaram por se esconder.

Os diferentes grupos armados que operam na Líbia são responsáveis por assassinatos, execuções extrajudiciais, sequestros e torturas, "e os defensores dos direitos humanos que tentam documentar e denunciar estas violações sofrem represálias", conforme o relatório.

O chefe da divisão de direitos humanos da Missão de Apoio da ONU na Líbia informou que vários casos estão documentados no relatório, o que torna os envolvidos penalmente responsáveis e pode ser a base para um futuro processo no Tribunal Penal Internacional.