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Nova York comemora decisão da Suprema Corte em Dia do Orgulho Gay histórico

Multidão ergue bandeiras nas cores do arco-íris durante Parada do Orgulho Gay em NY - Kathy Willens/AP
Multidão ergue bandeiras nas cores do arco-íris durante Parada do Orgulho Gay em NY Imagem: Kathy Willens/AP

Mario Villar

Em Nova York

28/06/2015 19h01

Festivo e em massa como sempre, o desfile pelo Dia Internacional do Orgulho Gay em Nova York teve uma comemoração histórica desta vez, dois dias depois da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que legalizou em todo o país o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Centenas de milhares de pessoas desafiaram o mau tempo e lotaram neste domingo (28) a Quinta Avenida para festejar a sentença, que põe fim a décadas de luta por uma das grandes reivindicações da comunidade gay.

"Hoje é um dia de orgulho para os Estados Unidos porque evidencia um dos princípios que faz dos EUA um país tão especial e diz: 'hoje tratamos as pessoas de forma igual'", disse o governador do Estado de Nova York, Andrew Cuomo, antes de iniciar o desfile.

Cuomo, que recentemente recebeu poderes para oficializar casamentos, celebrou hoje seu primeiro casamento e casou dois homens, David Contreras Turley e Peter Thiede, diante do histórico Stonewall Inn.

O bar, onde os distúrbios vividos em 1969 marcaram o início do movimento pelos direitos dos homossexuais nos EUA, foi mais uma vez o ponto final do desfile que percorreu boa parte do centro de Manhattan.

O estabelecimento foi reconhecido neste mês como ponto de interesse histórico pela cidade de Nova York, tornando-se o primeiro local vinculado à luta pela igualdade da comunidade LGTB a receber essa distinção.

Bandeiras com as cores do arco-íris, música e muitos sorrisos preencheram o desfile, que teve como grandes protagonistas os atores britânicos Ian McKellen e Derek Jacobi. Homossexuais, ambos protagonizam atualmente a série "Vicious", na qual dão vida a um casal gay junto há 50 anos.

Apesar de os casamentos entre pessoas do mesmo sexo serem legalizados em Nova York desde 2011, a cidade não deixou de comemorar a extensão desse direito a todo o país após a decisão da Suprema Corte na sexta-feira.

"Este é um momento verdadeiramente histórico para a comunidade LGBT no país, é algo que estávamos esperando há muito tempo", disse o porta-voz dos organizadores do evento, James Fallarino.

Desta vez, as tradicionais reivindicações da data deram lugar a palavras de celebração. "O que queremos? Igualdade de casamento. Quando queremos? Sexta-feira", diziam alguns dos participantes do desfile.

As autoridades da cidade também comemoraram a decisão e o prefeito, Bill de Blasio, compareceu ao desfile junto com a família. Na sexta-feira, De Blasio havia organizado uma grande festa na prefeitura e proporcionado o casamento de dois casais homossexuais para celebrar as notícias que chegavam de Washington.

Apesar da alegria, o desfile também teve várias reivindicações, pedindo entre outras coisas o fim da discriminação que persiste em muitas áreas, com ênfase aos direitos dos transexuais.

Um dos grupos participantes reivindicou justiça para os 43 estudantes desaparecidos da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, na cidade mexicana Ayotzinapa, e pediu a libertação de todos os "presos políticos" do país.

Diversos manifestantes também pediram o fim da violência contra os negros e, principalmente, contra transexuais negros nos Estados Unidos.