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José Dirceu se nega a falar com CPI

31/08/2015 14h34

Brasília, 31 ago (EFE).- O ex-ministro José Dirceu, um dos homens mais influentes do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detido há um mês pela suspeita de envolvimento com esquema de corrupção da Petrobras, se negou a falar nesta segunda-feira à CPI que investiga o caso.

Os membros da CPI viajaram até Curitiba, onde se reuniram com Dirceu nas dependências da Justiça Federal, mas não conseguiram nenhuma resposta às perguntas formuladas durante 15 minutos.

Dirceu, de 69 anos, está detido desde 3 de agosto, acusado de ser um dos "arquitetos" da rede de corrupção que, segundo os balanços da própria Petrobras, desviou cerca de US$ 2 bilhões da empresa na última década.

O ex-ministro foi preso em sua casa em Brasília, onde cumpria o restante de sua pena pelo escândalo do mensalão.

A cada uma das perguntas formuladas pelos parlamentares, Dirceu respondeu: "Seguindo orientação do meu advogado, vou permanecer em silêncio".

Dirceu também não respondeu se aceitaria uma proposta para assinar um acordo de colaboração com a justiça, que poderia reduzir sua eventual pena em troca de informação sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

O ex-ministro escutou duras críticas de alguns parlamentares, que chegaram a acusá-lo de "ladrão", mas também alguma declaração em seu favor.

A deputada Maria do Rosário, do PT, e integrante da comissão, disse que Dirceu "é um homem que dedicou sua vida à luta pela democracia e ao combate à corrupção", e criticou que, um mês após sua detenção, "ainda não tenha sido interrogado pela polícia", nem formalmente acusado.

A promotoria argumenta que, mesmo estando preso, Dirceu foi um dos que arquitetou a rede de corrupção que operava na Petrobras.

O promotor Carlos Fernando Santos Lima afirmou que essa é a justificativa para o pedido de suspender a prisão domiciliar que Dirceu desfrutava desde o fim do ano passado. "Não temos dúvidas que Dirceu recebia esse dinheiro de diversas formas, que esse dinheiro tinha origem na rede de corrupção da Petrobras, e que ele se beneficiou pessoalmente de tudo isso".