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Assad diz que EI não está incubado na Síria e nasceu após Guerra do Iraque

O governante da Síria, Bashar al-Assad - Sana/EPA/EFE
O governante da Síria, Bashar al-Assad Imagem: Sana/EPA/EFE

Em Roma (Itália)

19/11/2015 08h08

O governante da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que não se pode considerar que o grupo jihadista Estado Islâmico está "incubado" na Síria e que a guerra ajudou a criá-lo, mas que tudo "começou no Iraque", em entrevista exibida ontem pelo canal público italiano RAI1.

Assad disse que o "EI se estabeleceu no Iraque em 2006 e seu líder era Abu Musab al Zarqawi, que foi assassinado pelas forças americanas".

"O atual líder do EI se chama Abu Bakr al Baghdadi, que estava nas prisões americanas e foi libertado por eles. Portanto, não estava na Síria, não começou na Síria, começou no Iraque", declarou.

O governante sírio, que concedeu entrevista em sua residência em Damasco (Síria), definiu os atentados de Paris, em que 129 pessoas foram assassinadas e mais de 350 ficaram feridas, como "um crime horrível" e comentou que a Síria sabe bem o que é a morte de inocentes e de entes queridos.

"Estamos sofrendo isso durante os últimos cinco anos. Sentimos muito pelos franceses, assim como pelos libaneses, dias antes, e pelos russos, em relação ao avião que foi derrubado no Sinai", acrescentou.

Sobre como combater o Estado Islâmico, o líder sírio garantiu que o EI "não tem a incubadora natural ou uma incubadora social na Síria".

Questionado se terroristas são treinados na Síria, Assad afirmou que isso ocorre "pelo apoio dos turcos, dos sauditas e dos catarianos e certamente pela política ocidental que apoiou os terroristas de diferentes formas desde que começou a crise".

"Tony Blair disse recentemente que a Guerra do Iraque ajudou a criar o EI, e esta confissão é a prova mais importante", assinalou.

A respeito da guerra civil no Iraque, o líder sírio afirmou que a situação geográfica muda a cada dia, mas que o importante é "a quantidade da população sob o controle do governo", pois "de 50% a 60% da Síria é terra vazia", considerou.

Sobre sua permanência no poder, Assad afirmou que "não existe uma linha vermelha" em relação à possibilidade de convocar eleições, mas que isto deverá ser decidido pelos próprios sírios.

"Não se pode conseguir nada politicamente enquanto os terroristas estiverem em muitas regiões da Síria. Após isso, será necessário um ano e meio ou dois anos para qualquer transição", explicou.