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Brasileiro curado por Madre Teresa diz que não se sente "privilegiado"

Na Cidade do Vaticano

02/09/2016 13h13

O brasileiro Marcilio Haddad Andrino, que foi curado por um milagre atribuído à Madre Teresa de Calcutá e o escolhido para que a freira seja proclamada santa, afirmou que "Deus é misericordioso e quer o bem de todos" e que não se considera "um privilegiado".

"Hoje aconteceu comigo, amanhã acontecerá com outro. Deus é misericordioso e quer o bem de todos. Não me considero um privilegiado", respondeu Marcilio, que participou nesta sexta-feira (2) de uma entrevista coletiva no Vaticano para detalhar a canonização de Madre Teresa no domingo.

O engenheiro, de 43 anos, se apresentou acompanhado da esposa, Fernanda Rocha, e com a ajuda de um tradutor relatou detalhes de sua história de cura. Por trás de cada canonização, além da história da santa ou do santo, há sempre uma história surpreendente - inexplicável na visão da medicina - como a relatada pelo brasileiro.

Marcilio contou que um dia, há alguns anos, se levantou enjoado, experimentando sintomas como perda de equilíbrio e visão confusa, e acabou desmaiando. Para ele, que nasceu em São Paulo (SP) e mora no Rio de Janeiro, foi nesse momento em que sua vida mudou completamente.

Na mesma época, ele decidiu se casar com Fernanda. Os dois tinham se conhecido em 2000 e ela o "levou literalmente nos braços ao altar porque estava muito fraco".

Em 2008, pouco depois do casamento, Marcilio foi hospitalizado e diagnostico com hidrocefalia e uma infecção rara no cérebro. Depois de ser tratado durante um mês com antibióticos não houve melhoras.

Segundo ele, desde que foi internado, sua esposa começou a rezar "a Deus e à Madre Teresa, pois uma ex-chefe dela tinha se curado de um aneurisma cerebral rezando para ela".

"A situação não melhorava, mas mesmo assim continuávamos rezando e colocando mais intensidade", explicou.

Os médicos então decidiram operá-lo, apesar de a intervenção ser muito perigosa. Na noite anterior à cirurgia, "após um grande sofrimento, consegui dormir bem".

"Me levantei e não tinha dor de cabeça. Sentia uma grande paz interior. Perante a falta de dor, os médicos me disseram que não iam me operar e que deixariam o procedimento para o dia seguinte", lembrou.

Ele nunca foi operado: "Os abscessos reduziram em 70% e a hidrocefalia tinha desaparecido. Três dias depois fizemos mais uma análise. Não havia qualquer rastro dos abscessos. Compreendi que ela tinha me curado", afirmou.

Ao milagre de sua cura se soma o de ter podido ser pai, pois os médicos lhe disseram que "com todos os remédios que tinha tomado a probabilidade de ter filhos era de 1%", acrescentou.

"Seis meses depois de sair do hospital, após uma breve reabilitação, voltei ao trabalho e um mês depois a Fernanda começou a se sentir mal. Fomos ao médico e descobrimos que ela estava grávida", contou.

Com seus dois filhos, Mariana, de seis anos, e Murilo, de quatro, agora todos rezam juntos por Madre Teresa. Ao serem perguntados como se sentem, principalmente estando em Roma, o casal diz: "Estamos muito agradecidos".

No domingo, eles participarão da cerimônia de canonização de Madre Teresa de Calcutá na Praça de São Pedro. O outro milagre contabilizado foi o de Monica Besra, uma indiana de 34 anos que tinha um câncer no abdômen e foi que foi curada em 1998, milagre eleito para a beatificação.

Estes são os dois milagres requeridos pela Igreja Católica para poder tornar santa Anjeze Gonxhe Bojaxhiu, o nome de batismo da mulher que nasceu em 1910 em Skopje, então pertencente ao Império Otomano, e que para muitos já era santa em vida.