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Governo francês afirma que tiroteio foi obra de aluno "fascinado por armas"

Em Paris

16/03/2017 15h33

O tiroteio que deixou vários feridos nesta quinta-feira (16) em um colégio de Grasse, no sudeste da França, foi um "ato louco de um jovem frágil fascinado pelas armas de fogo", afirmou a ministra de Educação, Nadjat Vallaud-Belkacem, após visitar o local.

Pouco antes, o presidente François Hollande tinha descartado o caráter terrorista do ato que, segundo Vallaud-Belkacem, deixou quatro feridos de bala e exigiu o atendimento de outras 10 pessoas afetadas psicologicamente ou ligeiramente machucadas por empurrões durante o momento de pânico causado.

A ministra também considerou "heroica" a atuação do diretor do colégio, que "se jogou sobre o aluno e ficou ferido de bala no braço".

Vallaud-Belkacem declarou que todos os feridos se encontram bem e felicitou as forças da ordem por sua atuação "instantânea", que permitiu a detenção "muito rápida" do jovem.

Trata-se de um aluno de 17 anos que cursava o primeiro ano do colegial no centro e cuja família é conhecida na cidade, segundo seu prefeito, Jérôme Viaud.

O perfil do jovem no Facebook mostra sua fascinação pelos massacres maciços, como o que aconteceu na cidade americana de Columbine que deixou 13 mortos em um colégio em 1999.

A procuradora de Grasse, Fabienne Atzori, disse que o aluno tinha relações ruins com outros companheiros, o que pode ter motivado sua ação.

Segundo o testemunho de alguns dos docentes, o jovem tinha problemas de integração no centro educativo, relatou a procuradora, que insistiu que o ato "não tem nenhuma vinculação com o terrorismo".

O jovem, de quem não revelou a identidade por tratar-se de um menor, se dirigiu por volta das 10h55 (horário local, 6h55 de Brasília) a uma sala aula na busca de certos alunos que não encontrou.

Os que estavam ali presentes se deram conta que portava armas e alertaram o diretor do centro, que interveio para tentar deter o menor.

Antes, este tinha aberto fogo e ferido um aluno "com um ou vários disparos", segundo a procuradora.

Atzori afirmou que o menor tinha um fuzil e bastante munição, várias armas curtas, uma granada de exercício e um artefato que, segundo os primeiros indícios, parece um explosivo artesanal.

A ministra da Educação assegurou que a investigação judicial aberta "deverá determinar se o autor contava com algum cúmplice e quais puderam ser as motivações de seus atos".

Por sua parte, o presidente da região Provence-Alpes-Costa Azul, Christian Estrosi, afirmou que tinha falado com o diretor do centro e que este se encontrava bem.

"Ele me disse que lhe alertaram da presença do aluno e que tentou interpor-se para acalmá-lo, mas não conseguiu", relatou aos veículos de comunicação no local.

Segundo várias testemunhas, o aluno efetuou quatro disparos com um fuzil, uma das armas que levava junto a uma pistola, um revólver e duas granadas.

O ataque aconteceu por volta das 13h (horário local, 9h de Brasília), quando boa parte dos alunos estava no refeitório do colégio.

Os disparos provocaram uma correria de pânico que deixou vários feridos.

Em um primeiro momento se suspeitava que podia haver um cúmplice, razão pela qual se ativou o alerta de atentado, o estabelecimento foi evacuado e nos demais centros educativos de Grasse os alunos e membros do corpo docente foram confinados como medida de precaução.