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Oposição afirma que polícia matou mais de 100 pessoas em protestos no Quênia

12.ago.2017 - Manifestantes ateiam fogo em uma barricada durante confronto com a polícia em Nairóbi, no Quênia - Thomas Mukoya/Reuters
12.ago.2017 - Manifestantes ateiam fogo em uma barricada durante confronto com a polícia em Nairóbi, no Quênia Imagem: Thomas Mukoya/Reuters

12/08/2017 12h15

Nairóbi, 12 ago (EFE).- Mais de cem pessoas morreram em decorrência de disparos da polícia nos protestos que se desenvolvem desde a noite da última sexta-feira (11) em diferentes pontos do Quênia, informou neste sábado (12) a Super Aliança Nacional (NASA, na sigla em inglês), coalizão opositora que denunciou uma fraude nas eleições e exige a vitória.

Os corpos, entre os quais havia dez menores, foram retirados das ruas para evitar que este "massacre" seja revelado à opinião pública, assegurou o porta-voz da coalizão, James Orengo, que não detalhou a fonte desta contagem.

As vítimas foram registradas entre Kibera, Mathare, Dandora, Kawangware (todos eles subúrbios de Nairóbi), e também em Kisumu, Siaya, Homabay e Migori.

Meios de comunicação locais confirmaram a morte de, pelo menos, um menor: uma menina de 10 anos que foi atingida por um disparo quando brincava na varanda da sua casa de Mathare, onde a situação é muito tensa desde a noite de sexta-feira.

Em seu pronunciamento, a NASA fez um apelo à população para "permanecer em calma e longe das balas "e culpou o ministro do Interior, Fred Matiang'i, e ao inspetor geral da polícia, Joseph Boinnet, de serem "pessoalmente responsáveis" por esta situação.

A operação policial e os enfrentamentos com os manifestantes na favela de Kibera "são uma operação militar meticulosamente preparada", segundo Orengo.

Na mesma estariam envolvidas unidades de elite do exército especialmente treinadas para agir nas principais fortificações da oposição após as eleições.

Orengo reiterou ainda que sua coalizão não vai recorrer aos tribunais para impugnar o resultado das eleições, e insistiu que a proclamação deste governo "ilegal" deve ser julgada no tribunal "da opinião pública".

Durante o pronunciamento, o deputado da NASA pela circunscrição de Kibera, Ken Okoth, também pediu à população desta favela que "não enfrentem" algumas forças de segurança que foram enviadas ao bairro "sem boas intenções".

"Têm meios para acabar com vocês, e a vida de vocês é mais valiosa", alertou Okoth, perante a ausência do líder da NASA, Raila Odinga, que ainda não se manifestou publicamente.

A NASA não reconheceu ontem a reeleição de Kenyatta, e desde então, os seus seguidores e as forças de segurança protagonizam enfrentamentos em diferentes áreas do país.