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Casal gay que conseguiu legalizar casamento na Rússia fugiu do país

6.mai.2017 - Ativistas dos direitos LGBT participam de protesto em Moscou, Rússia - Kirill Kudryavtsev/ AFP
6.mai.2017 - Ativistas dos direitos LGBT participam de protesto em Moscou, Rússia Imagem: Kirill Kudryavtsev/ AFP

Em Moscou

30/01/2018 08h47

O casal homossexual russo que legalizou por uma brecha legal na Rússia o casamento contraído na Dinamarca teve que deixar o país após receber ameaças, informou em seu site a "LGTB-red", organização de defesa dos direitos das minorias sexuais.

"Este desenvolvimento dos eventos não estava previsto e a ameaça real à liberdade e à segurança de Pavel e Yevgueni foi a causa para saírem do país", apontou o site.

De acordo com o portal "OVS-info", na segunda-feira a polícia chegou ao domicílio do casal, em um subúrbio de Moscou, e tratou de derrubar a porta.

Depois o casal começou a receber ameaças e foi cortada a eletricidade do imóvel.

"A polícia declarou abertamente que não pode protegê-los de ataques de pessoas ou organizações abertamente homofóbicas", disse, o ativista de direitos humanos Igor Kochetkov.

"Por isso, eles decidiram que por enquanto devem sair da Rússia", acrescentou.

Na semana passada, após ser divulgada a legalização em Moscou do casamento entre Pavel Stostko e Yevgueni Voitsejovski, o Ministério do Interior russo anunciou que demitiria a funcionária que registrou a união.

Os dois homens tinham contraído casamento na Dinamarca em 4 de janeiro.

A decisão de legalizar dito casamento na Rússia provocou a abertura de uma investigação interna, enquanto os passaportes de ambos foram declarados "inválidos".

O Código Familiar na Rússia não proíbe expressamente os casamentos homossexuais, mas define o casamento exclusivamente como uma união legal entre um homem e uma mulher.

Segundo informou a imprensa russa, um centro de serviços estatais registrou o casamento dos dois homens depois que o casal apresentou o certificado traduzido e aprovado por um tabelião.

A chefe do Registro Civil de Moscou, Irina Muraviova, comentou que a lei russa não impede o reconhecimento dos casamentos homossexuais formalizados no exterior, ainda que impede seu registro, um marco legal que considerou difícil de solucionar.

No momento certo, a Duma ou Câmara de Deputados proibiu por lei a adoção de crianças russas por parte de homossexuais estrangeiros e de solteiros procedentes de países onde são legais as uniões entre pessoas do mesmo sexo.

A Rússia proibiu em 2013 a propaganda homossexual entre os menores de idade, lei que este coletivo considera uma desculpa para impedir a realização das marchas de orgulho gay.