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Soldado lamenta ter vazado dados sigilosos dos EUA ao WikiLeaks

14/08/2013 19h12

FORT MEADE, Estados Unidos, 14 Ago (Reuters) - O soldado norte-americano Bradley Manning se desculpou nesta quarta-feira por entregar segredos de Estado ao site WikiLeaks há três anos, no maior vazamento de dados sigilosos da história dos Estados Unidos.

"Lamento ter ferido pessoas. Lamento ter ferido os Estados Unidos", disse o cadete do Exército, de 25 anos, na fase de sentença, no tribunal militar. "Me desculpo pelos resultados inesperados de minhas ações. Os últimos três anos foram uma experiência de aprendizagem para mim", acrescentou.

Manning poderá ser condenado a até 90 anos de prisão por ter entregue mais de 700 mil documentos, vídeos de batalhas e despachos diplomáticos ao WikiLeaks, com os quais o site e seu fundador, Julian Assange, chegaram às manchetes do mundo inteiro.

A defesa de Manning busca uma sentença mais branda e tentou demonstrar à juíza que os superiores do soldado ignoraram seus sinais de estresse mental. Um psicólogo do Exército testemunhou que Manning, que é homossexual, se sentia isolado por causa de um conflito interno com sua identidade sexual.

"Eu deveria ter trabalhado mais agressivamente dentro do sistema. Infelizmente, não posso voltar no tempo e mudar as coisas", disse Manning.

"Entendo que devo pagar um preço pelas minhas decisões", acrescentou ele em suas primeiras declarações públicas desde fevereiro.

O capitão Michael Worsley, que tratou de Manning entre dezembro de 2009 e maio de 2010 durante sua missão no Iraque, disse que a tensão que o soldado sentiu em seu trabalho como analista de inteligência de baixo nível foi agravado por estar em "um ambiente super masculino" de zona de combate.

Manning foi considerado culpado de 20 crimes, incluindo espionagem e roubo, em 30 de julho. Ele foi declarado inocente da mais grave das acusações, de ajudar o inimigo, o que teria implicado prisão perpétua.

Um porta-voz militar disse que a juíza, a coronel Denise Lind, poderia anunciar a sentença de Manning a partir da próxima semana.

A Promotoria, que argumentou que Manning era um soldado arrogante que ajudou militantes da Al Qaeda e prejudicou os Estados Unidos com a divulgação dos documentos, terá a oportunidade de rebater a defesa na sexta-feira.

(Por Ian Simpson, com reportagem adicional de Tom Ramstack)