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Ocidente pressiona Rússia a respeitar soberania da Ucrânia

Em Paris

01/03/2014 12h32

O Ocidente expressou preocupação neste sábado (1º) com os rápidos acontecimentos na Crimeia, uma região da Ucrânia, pressionando todos os envolvidos a evitar um agravamento da crise e pedindo à Rússia que respeite a soberania ucraniana.

Uma semana depois que violentos protestos forçaram o presidente Viktor Yanukovich, apoiado pela Rússia, a abandonar o cargo, os novos líderes da Ucrânia dizem que a Rússia está tentando assumir o controle da Crimeia, uma península no sul que tem uma população de maioria étnica russa.

França, Reino Unido e Alemanha emitiram alertas pedindo um alívio das tensões na Crimeia, depois que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu na véspera que uma intervenção militar na região seria profundamente desestabilizadora e "teria custos".

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As manifestações começaram em novembro, depois que o então presidente Viktor Yanukovich anunciou sua decisão de não assinar um acordo de cooperação com a União Europeia, que poderia, no futuro, ter a Ucrânia como um de seus membros.

A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética.

O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia. Yanukovich foi deposto em fevereiro, e novas eleições foram convocadas.

As atenções agora se viraram para a Crimeia, região autônoma da Ucrânia cuja maioria é alinhada à Rússia, que convocou um referendo sobre sua soberania.

"A França está extremamente preocupada com as notícias sobre a Crimeia, que descrevem movimentação significativa de tropas", disse o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, em um comunicado. "Pedimos às partes que se abstenham de atos que possam aumentar a tensão e afetar a unidade territorial da Ucrânia."

Não houve um derramamento de sangue após a queda de Yanukovich, mas a nova liderança da Ucrânia está enfrentando um desafio na Crimeia, que fazia parte da antiga União Soviética até 1954. O primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, acusou a Rússia de enviar milhares de soldados à região neste sábado.

Homens armados, vestindo uniformes de combate sem identificação, tomaram o controle de dois aeroportos na região e ocuparam o Parlamento regional, no que Kiev descreve como uma ocupação pelas tropas de Moscou.

O primeiro-ministro pró-Rússia da Crimeia assumiu o comando das forças militares, da polícia e de outros serviços de segurança na região. Ele também pediu ajuda ao presidente russo, Vladimir Putin, para "garantir a paz e a calma" na região.

Putin pediu à Câmara Alta do Parlamento para aprovar o envio de tropas russas à região da Crimeia, na Ucrânia, citando ameaças à vida de cidadãos russos.

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O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, que viaja para a Ucrânia no domingo para se reunir com a nova liderança, pediu ao seu colega russo que aja para "aliviar" a tensão.

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Em uma mensagem no Twitter, Hague acrescentou que conversou com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e que discutiram a necessidade de uma ação diplomática internacional para lidar com a crise.

Mais cedo, Steinmeier considerou os acontecimentos das últimas horas na Crimeia perigosos e apelou à Rússia que explique suas intenções.

"A situação na Crimeia se tornou consideravelmente mais séria. Quem colocar mais lenha na fogueira agora, com palavras ou ações, estará conscientemente buscando um novo agravamento da situação," disse ele.

Steinmeier disse que os líderes europeus devem se reunir rapidamente a fim de acordar uma posição comum da União Europeia sobre a situação.

A Rússia alega que qualquer movimentação de seus militares na Crimeia está em conformidade com os acordos com a Ucrânia no contrato de arrendamento de uma base naval na cidade portuária de Sebastopol e Moscou acusou Kiev de tentar desestabilizar a península no Mar Negro.