Depois de avanço no Iraque, ramificação do al Qaeda declara "califado"
By Sylvia Westall
BEIRUTE (Reuters) - Uma ramificação do al Qaeda, que capturou faixas de territórios no Iraque e na Síria, se declarou um “califado” islâmico, e pediu às facções do mundo todo que jurem lealdade a ele, de acordo com declaração postada em sites jihadistas e no Twitter no domingo.
O movimento desafia diretamente a liderança central do Al Qaeda, que se recusou a reconhecer a validade do grupo, e as lideranças conservadoras do Golfo Árabe.
O grupo, anteriormente conhecido como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, também conhecido como ISIS, renomeou-se como “Estado Islâmico” e proclamou seu líder, Abu Bakr al-Baghadi, como “califa” – chefe de estado, disse o comunicado.
“Ele é o imã e o khalifah (califa) para os muçulmanos de todos os lugares,” disse o porta-voz do grupo, Abu Muhammad al-Adnani na declaração, que foi traduzida para vários idiomas e lida em árabe.
“Consequentemente, o “Iraque e o Sham” (Levante), em nome do Estado Islâmico é, doravante removido de todas as deliberações oficiais e comunicações, e o nome oficial é o “Estado Islâmico, a partir da data dessa declaração,” disse.
O grupo militante muçulmano sunita segue linha-dura ideológica do Al Qaeda, mas tem a sua força nos combatentes estrangeiros. O grupo pretende recriar um califado em estilo medieval apagando as fronteiras desde o Mediterrâneo até o Golfo. O grupo considera os muçulmanos xiitas hereges que merecem a morte.
Na Síria, o grupo alienou muitos civis e ativistas da oposição ao impor regras duras contra a dissidência, inclusive decapitando e crucificando adversários, em áreas que controla.
No Iraque, foi acusado por grupos de direitos humanos de realizar execuções em massa no norte da cidade de Tikrit e no Líbano o grupo reivindicou um ataque suicida em um hotel na quarta-feira.
Charles Lister, pesquisador visitante do Brookings Doha Center, viu uma importância considerável no comunicado do movimento.
“Apesar de qualquer julgamento que possa ser feito em termos de sua legitimidade, o anúncio de que o califado foi restaurado é, provavelmente, o desenvolvimento internacional mais significativo do jihadismo, desde 11 de setembro."
“O impacto deste pronunciamento será global já que afiliados do al Qaeda e grupos jihadistas independentes agora precisam definitivamente optar por apoiar e se juntar ao Estado Islâmico ou se opor a ele.”
Combatentes do grupo invadiram a cidade iraquiana de Mosul no mês passado e avançaram em direção à Bagdá. Na Síria eles capturaram territórios no norte e no leste, ao longo da fronteira com o Iraque.
“Cabe a todos os muçulmanos jurarem fidelidade (a ele) e apoiá-lo... A legalidade de todos os emirados, grupos, países e organizações se torna nula, pela expansão da autoridade do califa e pela chegada de suas tropas em suas regiões,” disse o comunicado.
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