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Ocidente deve fazer concessão em negociação sobre programa atômico do Irã

22/11/2014 14h37

Por Fredrik Dahl e Louis Charbonneau

VIENA (Reuters) - Potências mundiais irão pressionar o Irã para que o país pare de atrasar uma investigação da ONU sobre bomba atômica como parte de um acordo nuclear mais amplo, mas é provável que abram mão de exigir a divulgação integral de qualquer trabalho sobre arma secreta por parte de Teerã para evitar matar um acordo histórico.

Oficialmente, os Estados Unidos e seus aliados do Ocidente afirmam que é vital que o Irã se posicione totalmente a respeito das preocupações da agência nuclear da ONU caso queira fechar um acordo diplomático que termine com sanções severas que prejudicam sua economia baseada no petróleo.

“As atividades anteriores do Irã devem vir à tona e serem explicadas”, afirmou um diplomata do Ocidente.

Em particular, no entanto, alguns oficiais acreditam que o Irã provavelmente nunca admitirá o que eles acreditam ser culpa do país: trabalhar secretamente no passado para desenvolver os meios e experiência necessários para construir um míssil nuclear.

O Irã nega a acusação e afirma que o seu programa nuclear é pacífico.

As seis potências enfrentam um delicado equilíbrio: Israel e parlamentares norte-americanos linha-dura –preocupados com a reaproximação com o velho inimigo Irã– podem ir contra o acordo caso achem que ele seja muito benevolente com as supostas atividades nucleares de Teerã.

Um oficial sênior do Ocidente declarou que as seis potências tentariam “ser criativas” para chegar a uma fórmula que satisfaça àqueles que querem que o Irã esclareça toda e qualquer pesquisa referente a bomba atômica e os que dizem que é irrealista esperar que o país assuma sua suposta culpa.

O resultado também pode afetar a posição da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que por anos vem tentando investigar o que chama de possível dimensão militar do programa nuclear iraniano.

Enquanto as potências mundiais –Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia, China e Grã-Bretanha– tentam persuadir o Irã a diminuir o seu programa de enriquecimento de urânio para aumentar o tempo necessário para a construção de armas nucleares, a AIEA está investigando uma possível pesquisa sobre o desenvolvimento de uma bomba.

O objetivo é chegar à uma solução abrangente para acabar com a disputa nuclear que já dura 12 anos até o limite de 24 de novembro, embora os diplomatas digam que é mais provável que as negociações sejam estendidas.

Se um eventual acordo não colocar pressão suficiente para que o Irã aumente a cooperação com a AIEA, fazendo disso uma condição para minimizar algumas sanções, isso pode ferir sua credibilidade no futuro, de acordo com alguns diplomatas da agência.