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Papa pede união na América Latina para ajudar mais necessitados

Por Alexandra Valencia e Girish Gupta
Imagem: Por Alexandra Valencia e Girish Gupta

Girish Gupta e Philip Pullella

Em Quito

07/07/2015 14h52

Por Alexandra Valencia e Girish Gupta

QUITO (Reuters) - O papa Francisco pediu nesta terça-feira para que as pessoas deixem de lado as diferenças na América Latina através da fé para estender uma mão aos desfavorecidos, numa missa ao ar livre para uma multidão no Equador na qual celebrou as revoluções independentistas da região.

Cerca de 1 milhão de fiéis, alguns peregrinos de vários lugares do país, se reuniram no Parque Bicentenário de Quito para a missa. Dezenas de milhares acamparam, apesar do frio, do vento e da chuva durante a noite, para escutar a mensagem do papa argentino.

Francisco, de 78 anos, lembrou em sua homilia o "grito da liberdade" quando a região ficou independente há dois séculos da Espanha e garantiu que só foi contundente quando "colocou de lado as personalidades, o desejo de liderança única".

"É impensável que brilhe a unidade se a mundanidade espiritual nos faz estar em guerra entre nós, numa busca estéril de poder, prestígio, prazer ou segurança econômica, e isso a custo dos mais pobres, dos mais excluídos, dos mais indefesos, daqueles que não perdem sua dignidade, apesar de ser atingida todos os dias", afirmou.

O papa, conhecido por seu estilo humilde e por ser mais próximo do povo, defendeu a luta pela inclusão em todos os níveis por meio do diálogo e da colaboração.

"Abriu nossos corações com essas mensagens para seguir adiante, principalmente num país que nos falta fé, união e compreensão", disse Victoria Zambrano, médica de 38 anos, que veio do norte do país para a missa.

Francisco chegou ao Equador no momento em que o país sofre protestos contra o governo socialista de Rafael Correa. Seus adversários o acusam de autoritarismo e criticam seu controverso plano para aumentar impostos.

Francisco está visitando três das menores e mais pobres nações de sua nativa América do Sul durante a turnê de uma semana: Equador, Bolívia e Paraguai.

Correa, que compareceu à missa desta terça-feira, teve uma conversa particular com o papa na noite de segunda-feira no palácio presidencial, depois que Francisco voltou da cidade costeira de Guayaquil, onde rezou uma missa para 800 mil pessoas.

A visita de Francisco, a primeira viagem depois de publicar uma histórica encíclica em defesa dos pobres e do planeta, atraiu devotos de Colômbia, Peru, Chile e México.

Depois de uma pausa em sua agenda lotada, Francisco falou para cerca de 5.000 alunos e professores da Universidade Católica do Equador e fez uma forte defesa do meio ambiente.

"Existe algo que é claro, não podemos continuar dando as costas à nossa realidade, aos nossos irmãos, à nossa mãe Terra", disse ele. "Não nos é lícito ignorar o que está acontecendo ao nosso redor, como se certas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade."

Francisco chegará na quarta-feira a La Paz, na Bolívia, onde o foco estará sobre sua saúde, dada a altitude da cidade e ao fato de o pontífice não ter um dos pulmões. Lá, ele vai visitar uma prisão violenta antes de viajar ao Paraguai para se reunir com ativistas sociais em Assunção.

(Reportagem adicional de Philip Pullella e José Llangarí, em Quito)