Família de palestino é retida pela PF em aeroporto; juíza nega repatriação

Uma família de palestinos e malaios, vinda da Malásia, está retida pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos desde sexta-feira (21).

O que aconteceu

A PF pediu a repatriação dos quatro parentes — o que foi negado pela Justiça Federal de São Paulo neste sábado (22). O palestino Muslim Abuumar chegou ao país acompanhado de sua mulher, que está grávida, do filho de cinco anos e da sogra dele.

Presidente do Instituto Brasil-Palestina diz que Abuumar foi interrogado assim que desembarcou e alega xenofobia. Segundo Ahmad Shehada, o palestino foi informado de que seria repatriado após ser questionado sobre seus posicionamentos políticos, se apoia ou não a resistência palestina e a ocupação da Faixa de Gaza por Israel.

Família veio pela primeira vez ao Brasil visitar o irmão do palestino, diz a defesa. O advogado Bruno Henrique de Moura afirma que eles vivem na Malásia, onde Abuumar trabalha como diretor do Centro de Pesquisa e Diálogo da Ásia, que tem sede em Kuala Lumpur.

Pedido de extradição foi feito pelo Departamento Antiterrorismo da PF em Brasília, afirma o Instituto Brasil-Palestina. A solicitação foi negada pela juíza federal substituta Milenna Marjorie Fonseca da Cunha — a família permanece sob controle da PF em um hotel dentro do aeroporto, sem poder entrar em território brasileiro.

A PF não explicou porque barrou a família, diz defesa. Abuumar afirmou ainda em seu depoimento que não teve acesso a um tradutor ou a um advogado no interrogatório e que os policiais que o abordaram não explicaram o que estava acontecendo.

Juíza determina que PF explique em até 24 horas a razão para impedir a entrada do grupo. O UOL procurou a PF do aeroporto de Guarulhos e a Inteligência da PF no Distrito Federal, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

A autoridade policial, informalmente, comunicou que ele voltaria o quanto antes à origem, qual seja a Malásia, e colocou sua repatriação forçada, sob responsabilidade da Qatar Airways.
versão da família, relatada à Justiça Federal

Decisões, ainda que administrativas, não podem se sustentar em boatos ou achismos: precisam de provas suficientes da conduta que se alega. Aguardamos a manifestação da Polícia nos autos do Mandado de Segurança para prestarem os esclarecimentos.
advogado da família, Bruno Henrique de Moura

Continua após a publicidade

Não tenho dúvidas que existe uma cooperação entre os serviços de inteligência e este caso comprova isso. Muslim Abuumar é um professor universitário, tem boas relações com o governo da Malásia, onde mora há anos. Ele é sim um ativista pelos direitos do povo palestino, como eu também sou. Esse é mais um caso de xenofobia.
Ahmad Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina

Deixe seu comentário

Só para assinantes